Os juros futuros encerraram a sessão desta segunda-feira, 4, em alta, alinhados ao comportamento cauteloso visto no mercado de câmbio e na Bovespa. O avanço foi mais forte no trecho longo da curva a termo, refletindo principalmente a redução das apostas na possibilidade de êxito do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para o mercado, somente uma mudança de governo seria capaz de resolver os problemas econômicos do País e, por isso, a movimentação dos aliados para salvar o mandato da petista recomendou uma postura mais defensiva do investidor.
Ao término da negociação regular, o DI com vencimento em janeiro de 2017 projetava 13,805%, de 13,780% no ajuste da sexta-feira. O DI para janeiro de 2018 subia de 13,54% para 13,66%. Nos longos, o contrato para janeiro de 2021 indicava 13,98%, na máxima, de 13,72% no ajuste anterior.
As taxas começaram o dia sob um discreto viés de queda, influenciadas pelo recuo do dólar, mas passaram a subir na medida em que a moeda norte-americana também inverteu o sinal e cresceu a cautela com o cenário político. “O mercado, nas últimas semanas, vinha aumentando muito suas posições vendidas em taxa, dando o impeachment de Dilma como certo, mas as recentes ações do governo sugerem que o processo não será tão simples”, disse o estrategista-chefe da Indosuez, Vladimir Caramaschi, citando como exemplo as negociações de cargos com os partidos da base.
A comissão que avalia o processo de impeachment irá ouvir hoje o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, que fará pessoalmente a defesa da presidente e pedirá, por falta de base jurídica, o arquivamento do pedido que corre na Câmara. Ele vai alegar ainda “suspeita de desvio de finalidade” na aceitação da denúncia porque teria sido ocorrida por ato de “vingança” do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Na parte curta da curva, os contratos tiveram alta mais modesta, mas ainda refletindo o enfraquecimento das apostas de corte da Selic no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) que começou a ocorrer desde a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação na quinta-feira, 31, mesmo em meio à redução das projeções para a inflação este ano. A mediana das previsões para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no boletim Focus publicado hoje, passou de 7,31% para 7,28%.