Economia

Dado da China eleva temor com economia global e bolsa de NY fecha em queda forte

A Bolsa de Nova York fechou em queda forte nesta segunda-feira, 28, acompanhando as baixas dos mercados de ações europeus. O índice Dow Jones teve mínima intraday em 15.981 pontos, abaixo dos 16 mil pela primeira vez desde 1º de setembro. Os mercados reagiram a mais um indicador fraco divulgado na China, que reforçou as preocupações quanto à perspectiva da economia global. Na Europa, as bolsas também tiveram quedas fortes (Londres, -2,46%, Frankfurt, -2,12%, Paris, -2,76%). As ações dos setores de energia e commodities estavam entre as que mais caíram, em dia de novas baixas dos preços do petróleo e dos metais.

O Bureau Nacional de Estatística da China informou que os lucros das indústrias do país caíram 8,8% em agosto, em comparação com o mesmo mês do ano passado, após uma queda de 2,9% em julho. No período janeiro/agosto, os lucros das indústrias chinesas caíram 1,9% em comparação com os primeiros oito meses do ano passado.

A preocupação com a economia global cresceu também com a entrevista da diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, ao jornal francês Les Echos. Ela disse que o FMI deverá rebaixar sua expectativa para o crescimento da economia mundial em 2015 e 2016, por causa da desaceleração dos países emergentes. “Esse fenômeno deve nos levar a revisar nossa previsão de crescimento Um crescimento do PIB global de 3,3% neste ano já não é realista. Uma previsão de 3,8% para o próximo ano também não é. Mas continuaremos acima de 3%”, disse Lagarde ao jornal.

“O sentimento está muito negativo”, disse o economista Antonio García Pascual, do Barclays, referindo-se aos indicadores chineses. Os economistas do Citigroup, por sua vez, rebaixaram sua expectativa para o crescimento do PIB global em 2016 para 2,9%, de 3,1% no mês passado; em maio, a previsão do Citi para a economia global em 2016 era uma expansão de 3,5%.

Para Mike McCudden, chefe da área de derivativos da Interactive Investor, “os investidores que voltavam ao mercado com um senso renovado de confiança viram sua bolha estourar mais uma vez, já que os indicadores da China continuam a decepcionar”.

Randy Frederick, do Schwab Center for Financial Research, observou que o Fed (banco central dos EUA), ao não elevar as taxas de juro em 17 de setembro, deixou de instilar mais confiança no mercado quanto à saúde da economia dos EUA. “O mercado não está de bom humor neste momento”, acrescentou.

Alguns indicadores foram divulgados pela manhã nos EUA. A renda pessoal cresceu 0,3% em agosto, em linha com a expectativa dos economistas. Os gastos com consumo cresceram 0,4%, também em linha com a previsão de consenso. O índice de preços dos gastos com consumo, considerado o indicador de inflação preferido pelo Fed, ficou estável em agosto, em comparação com julho, com alta de 0,3% em relação ao mesmo mês do ano passado; o núcleo do índice, que exclui os preços de energia e alimentos, subiu 0,1% no mês e 1,3% no ano. A taxa de poupança recuou para 4,6%, de 4,7% em julho.

A Associação Nacional dos Corretores de Imóveis (NAR) informou que o índice de vendas pendentes de imóveis residenciais usados caiu 1,4% em agosto, para 109,4, de 110,9 em julho; economistas previam um crescimento de 0,4%. O índice de atividade industrial regional do Fed de Dallas subiu a 0,9 em setembro, de -0,8 em agosto.

Dois dirigentes do Fed falaram em público nesta segunda-feira: William Dudley, presidente do Fed de Nova York, reafirmou que o Fed deverá elevar as taxas de juro de curto prazo neste ano e disse que isso poderá acontecer em qualquer das reuniões previstas. Charles Evans, do Fed de Chicago, disse que o Fed está próximo de elevar as taxas de juro, que é contra apertar a política monetária neste ano e que poderão acontecer três elevações de 25 pontos-base na taxa dos Fed Funds até o fim de 2016.

“Se estamos numa situação econômica na qual não temos como suportar uma elevação de 25 pontos-base na taxa básica de juros agora, então estamos em dificuldades maiores do que todos nós estamos percebendo”, disse Keith Bliss, da corretora Cuttone & Co.

Entre os destaques da sessão estavam as ações da Alcoa, que subiram 5,73%, depois de a empresa anunciar que vai se dividir em duas companhias. As da Energy Transfer Equity caíram 12,69%, depois do anúncio do acordo para a aquisição da Williams Cos. (-12,12%) por US$ 37,7 bilhões. Os ADRs da Volkswagen caíram 6,66%, depois de os procuradores públicos da Alemanha abrirem uma investigação criminal por fraude.

As ações dos setores farmacêutico e de biotecnologia, entre as maiores quedas na semana passada, voltaram a estar entre as que mais caíram, depois de os membros do Comitê de Supervisão e Reforma do Governo da Câmara dos EUA pedirem que a Valeant Pharmaceuticals apresente documentos sobre os aumentos de preço de seus medicamentos; as ações da Valeant caíram 16,53%. O fundo iShares Nasdaq Biotechnology ETF perdeu 6,33%.

Várias ações do setor de tecnologia também tiveram quedas fortes, entre elas Yahoo (-5,25%), LinkedIn (-3,31%), Facebook (-3,84%), Google (-2,79%) e Apple (-1,98%).

Das 30 componentes do Dow, a única ação a fechar em alta foi Johnson & Johnson (+0,41%). Entre os destaques negativos da sessão estavam Visa (-4,94%), Goldman Sachs (-3,79%), Pfizer (-3,36%), UnitedHealth (-3,15%), DuPont (-2,53%), Chevron (-2,48%) e General Electric (-2,45%).

O índice Dow Jones fechou em queda de 312,78 pontos (1,92%), em 16.001,89 pontos. O Nasdaq fechou em queda de 142,53 pontos (3,04%), em 4.543,97 pontos. O S&P-500 fechou em queda de 49,57 pontos (2,57%), em 1.881,77 pontos. Fonte: Dow Jones Newswires

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