Economia

Juros fecham em baixa influenciados por câmbio e fala de Tombini

As taxas de juros negociadas no mercado futuro fecharam em baixa nesta quinta-feira, 8, influenciadas por fatores externos e internos. Embora o ambiente político no Brasil continue a dar sinais de instabilidade, os investidores voltaram a reduzir as projeções para os juros, acompanhando a queda do dólar frente ao real.

A ata da reunião do Federal Reserve, divulgada no meio da tarde, foi recebida pela maioria dos analistas como um sinal de que o BC norte-americano deverá adiar mais uma vez o esperado aumento de juros da economia, o que beneficia os mercados emergentes, como o Brasil. O discurso do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, simultaneamente à divulgação da ata, foi outro fator importante para a queda dos juros futuros. No encontro anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Lima, no Peru, Tombini voltou a garantir que as atuais condições monetárias serão mantidas por “período suficientemente prolongado”.

O presidente do BC reconheceu que o Brasil passou por um depreciação cambial “importante” recentemente, que refletiu diretamente nas taxas juros de mercado. Segundo ele, essas taxas variaram devido a eventos recentes na economia, como a alta do dólar e mudanças no panorama fiscal, e por isso não servirão de guidance para a política monetária. Para ele, parte deste efeito já se dissipou.

As declarações de Tombini tiveram efeito direto sobre o mercado futuro de juros, principalmente nos vencimentos mais curtos, que tiveram boa parte dos prêmios de risco cortados. Nos negócios na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2016 fechou com taxa de 14,321% no horário regular de negociação, contra 14,40% do ajuste de quarta-feira. O DI para janeiro de 2017 terminou com taxa de 15,23%, frente aos 15,48% do ajuste anterior. O vencimento para janeiro de 2019 teve taxa de 15,50%, de 15,65%. Na ponta mais longa da curva, o DI para janeiro de 2021 ficou com taxa de 15,32%, ante 15,47%.

O cenário político desfavorável para o governo continuou a ser acompanhado de perto pelos investidores, mas não gera pânico no mercado, como acontecia semanas atrás. No rol das preocupações do governo estão as tentativas frustradas de votar os vetos presidenciais no Congresso Nacional, a ação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para investigar a campanha presidencial e a rejeição das contas públicas em 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que incluem as pedaladas fiscais. Diante da falta de uma definição maior na cena política, a cautela tem prevalecido, inclusive com a redução da liquidez nos mercados, aumentando a volatilidade nos ativos.

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