O dólar à vista teve sua terceira alta consecutiva nesta terça-feira, 20, e voltou ao patamar dos R$ 3,90, o que não acontecia desde o último dia 5. Com o noticiário político escasso, a moeda dos EUA oscilou ao sabor do fluxo de recursos e da influência internacional, além da cautela com as indefinições do cenário interno. Ao final dos negócios, o dólar à vista teve alta de 0,44%, aos R$ 3,906. Em três dias, a cotação subiu 2,79%.
A moeda chegou a cair 1,08% frente ao real pela manhã (a R$ 3,847), diante do seu enfraquecimento frente a outras divisas de países emergentes e também do ingresso de recursos do exterior, segundo relataram operadores. Na máxima, a cotação foi até R$ 3,908 (+0,49%), com a redução da liquidez no período da tarde.
Nos EUA, havia expectativa com os dados de construções de moradias em setembro, que subiram 6,5% ante agosto, para a taxa anual sazonalmente ajustada de 1,21 milhão de unidades. O número veio acima das previsões, que eram de crescimento de 1,8%, para 1,15 milhão de moradias. O indicador sinaliza melhora do desempenho da economia dos EUA, o que em tese poderia encorajar o Federal Reserve a dar início aos aumentos de juros do país. Em reação, os juros dos Treasuries (títulos do Tesouro dos EUA) passaram a subir com força.
Diante da divulgação de dados conflitantes nos EUA e na China, era grande a expectativa dos investidores pelo pronunciamento da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, às 13 horas (horário de Brasília). Devido à proximidade da reunião periódica do Fed, na próxima semana, Yellen não se pronunciou sobre política monetária. Diante da falta novidades relevantes no período da tarde, o dólar passou a ter um comportamento misto em relação às moedas emergentes e ganhou força frente o real.
O cenário político teve poucas notícias, mas manteve os investidores bastante cautelosos. Causou algum desconforto as informações sobre uma possível revisão do déficit das contas do Governo Central em 2015. Integrantes da área econômica ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, não descartaram a possibilidade de o déficit primário chegar próximo a R$ 70 bilhões, se houver o pagamento de todos os gastos represados nas pedaladas fiscais identificados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Ainda segundo fontes, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), concederá prazo de até 45 dias para a presidente Dilma Rousseff apresentar sua defesa ao parecer do TCU que recomendou a rejeição das contas do governo de 2014.