Economia

Monteiro alerta que não se pode mais insistir no protecionismo

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Externo (MDIC), Armando Monteiro, afirmou nesta segunda-feira, 16, que, em meio à nova realidade da economia global, não se pode mais insistir no protecionismo. “Eu defendo firmemente a ideia de que o Brasil será mais competitivo na medida em que se integre às cadeias globais de valor, inclusive revendo estruturas tarifárias”, afirmou durante evento promovido pela Eurocâmaras, que reúne as câmaras de comércio dos países da UE.

O ministro apontou que, com o surgimento de mega acordos comerciais, como a Parceria Transpacífico, o Brasil não pode ficar para trás. “Tanto do lado brasileiro quanto dos nossos parceiros há cada vez mais a compreensão de que o Mercosul precisa sair do isolamento. É hora de avançarmos e o Brasil tem uma posição muito firme”, garantiu.

Ele tentou rebater críticas de que o Brasil perdeu o bonde da história em relação aos acordos comerciais e listou alguns avanços obtidos ao longo deste ano, incluindo um acordo para harmonização de barreiras não tarifárias com os EUA. O primeiro resultado concreto desse acordo deve ser divulgado nos próximos dias, referente à convergência regulatória dos padrões para o setor de cerâmicas.

Monteiro apontou que o acordo Mercosul-UE é um passo decisivo para que o Brasil se integre de maneira mais efetiva nas correntes de comércio. Segundo ele, isso se traduz em aumento da competitividade e produtividade, decorrentes da economia de escala, elevação do fluxo de investimentos, estímulo à internacionalização das empresas brasileiras e ganhos tecnológicos. “O maior intercâmbio de bens e serviços incentivará a concorrência, com impactos positivos na qualidade e preço dos produtos, trazendo enormes benefícios para a população.”

O chefe do MDIC ressaltou que ainda existem alguns setores, inclusive do empresariado, que são contra uma maior abertura da economia, mas disse que há um crescente apoio para esse processo. “Não são os governos apenas que promovem acordos. Se não houver respaldo do setor privado, não avançamos efetivamente”, alertou.

Em relação à situação da Argentina, que tem uma conhecida oposição ao acordo Mercosul-UE, ele afirmou que o processo eleitoral no país vizinho pode facilitar as coisas. “Qualquer que seja a definição do processo, não trará nenhum prejuízo à negociação com a UE, pelo contrário, eu acho que a posição de ambos os candidatos é amplamente favorável ao acordo.”

Ele disse que a oferta do Mercosul está pronta e que agora o bloco espera uma posição da UE, sendo que os ministros europeus devem se reunir no dia 27 de novembro para discutir o assunto. “Os acordos acontecem quando estão maduros, não adianta querer queimar etapas. Eu acho que agora as condições estão maduras, estão postas”, comentou.

Para ele, os sistemas multilaterais de negociação têm se mostrado altamente vulneráveis a bloqueio, inclusive de pequenos grupos de países membros. Mesmo assim, o Brasil continua participando de maneira efetiva da Rodada Doha, liderada pela Organização Mundial do Comércio (OMC). “O Brasil deve atuar de maneira simultânea e com viés complementar em todas as frentes, bilateral, regional e multilateral”, apontou.

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