Economia

Seade: cai diferença do desemprego entre negros e brancos; renda segue desigual

A diferença do nível do desemprego entre a população negra e branca caiu na passagem de 2013 para 2014 na região metropolitana de São Paulo (RMSP), refletindo uma diminuição na desigualdade racial no mercado de trabalho da maior cidade do País.

Pesquisa divulgada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) revela, por outro lado, que o valor pago aos negros pela hora trabalhada em relação à remuneração dos brancos diminuiu no período, o que mostra que o trabalho deste grupo segue menos valorizado na capital paulista.

A diferença da taxa de desocupação de negros e pardos ante brancos e amarelos caiu 0,7 ponto porcentual entre 2013 e 2014, segundo o Seade. No período, a desocupação do primeiro grupo avançou de 9,4% para 10,1%, enquanto a do segundo permaneceu estável em 12%, fazendo com que a diferença caísse de 2,6 para 1,9 ponto porcentual.

No tocante à renda, no entanto, persiste a desigualdade racial no mercado de trabalho paulistano, já que o valor pago pela hora trabalhada aos negros, em 2014, foi apenas 63,7% do total pago aos brancos, informa o Seade.

Segundo a instituição, o rendimento médio dos negros foi de R$ 8,79 no ano passado, enquanto o dos brancos ficou em R$ 13,80. Em 2013, a proporção estava em 65,3%. “Apesar dessa piora, tais valores vêm se aproximando lentamente ao longo dos anos, uma vez que os rendimentos dos negros já chegaram a equivaler a 54,6% dos não negros, em 2002”, pondera o Seade.

A explicação na diferença, diz a instituição, está no fato de negros serem mão de obra mais representativa em empregos em que a remuneração é mais baixa, como construção e serviços domésticos, e menos representativa nos serviços e na indústria, que pagam melhor. “O crescimento, entre 2013 e 2014, do rendimento por hora dos não negros (2,9%), contrapondo-se à relativa estabilidade entre os negros (0,3%), resultou no aumento da distância entre os dois valores, já que em 2013 o rendimento médio por hora dos negros correspondia a 65,3% dos não negros”, acrescenta o Seade.

Uma das conclusões do estudo é que a diminuição das desigualdades no mercado de trabalho se dá “apenas com períodos de crescimento econômico em conjunto com ações de políticas afirmativas”.

“Enquanto não se atenuarem as discrepâncias socioeconômicas, as desigualdades certamente permanecerão”, afirma o texto. A pesquisa “Os negros no mercado de trabalho da região metropolitana de São Paulo” foi elaborada em virtude do Dia Nacional da Consciência Negra com informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED).

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