Pelo sexto mês consecutivo, o saldo de empregos no Brasil foi negativo. Em setembro, foram fechadas 95,6 mil vagas formais de trabalho, segundo informou ontem (23) o Ministério do Trabalho. O resultado é o pior para o mês dentro da série histórica iniciada em 1992. Com a retração, o número de postos fechados já ultrapassa 1,2 milhão nos últimos 12 meses. Somente neste ano, são 658 mil empregos com carteira a menos.
O dado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do mês passado é fruto de 1,326 milhão de admissões e 1,422 milhão de demissões. O resultado foi muito inferior ao registrado em setembro do ano passado, quando ficou positivo em 123,8 mil vagas. Os dados são sem ajuste, ou seja, não incluem as informações passadas pelas empresas fora do prazo.
O resultado de setembro ficou perto do piso das expectativas do mercado para o mês passado. De acordo com levantamento do serviço AE Projeções, da Agência Estado, a expectativa era que o mercado de trabalho com carteira assinada tivesse retração de vagas, com resultado negativo entre 45 mil a 102,5 mil. O resultado foi pior que a mediana apurada, que esperava um corte de 61,5 mil postos de emprego formal no período.
Os dados apresentados ontem sugerem que a deterioração no mercado de trabalho brasileiro será prolongada, durando ainda vários trimestres, segundo análise do banco britânico Barclays. “Isso reduzirá a renda disponível e prejudicará o consumo das famílias”, afirma.
Os números relativos ao mês passado são os primeiros divulgados sob a gestão de Miguel Rossetto à frente da pasta que fundiu Trabalho, Emprego e Previdência Social. Rossetto optou por não conceder entrevista para comentar os números.
Setores. O setor de serviços foi o responsável pelo maior número de vagas formais de trabalho fechadas em setembro. No total, foram encerrados 33,5 mil postos no setor. Todos os setores da economia fecharam vagas no mês passado.
O segundo maior responsável por fechamento de postos no mês passado foi a construção civil, com menos 28,2 mil vagas. O comércio ficou negativo em 17,3 mil postos, seguido da indústria de transformação, com menos 10,9 mil. A agricultura fechou 3,2 mil vagas no mês passado.
Para o economista Thiago Biscuola, da RC Consultores, a baixa expectativa do comércio para as vendas de fim de ano afetou a geração de empregos formais no segmento. “Se o comerciante espera um Natal fraco, ele não vai contratar. E setembro costuma ser mês de contratação para as empresas que se preparam para o movimento maior de fim de ano”, disse.
Biscuola também disse que, além de as empresas estarem demitindo mais, elas estão postergando contratações, em razão das incertezas da economia. “Há problema de confiança. Por mais que muitos empresários não saibam qual é o impacto da piora fiscal do governo em seus negócios, eles veem os juros subindo e sentem mais dificuldade para conseguir crédito.” As informações são do jornal O Estado de S.Paulo