O mercado futuro de juros promoveu cortes expressivos nas taxas nesta quinta-feira, 19, motivado por fatores internos e externos. Contribuíram para a redução dos prêmios o arrefecimento da crise política, a inflação dentro do esperado e o tom “dovish” da ata da reunião do Federal Reserve, divulgada na véspera. Diante do cenário mais favorável, o dólar perdeu força no Brasil e no exterior, levando as taxas a fechar nas mínimas do dia.
O desarme dos principais itens da pauta-bomba do Congresso fortaleceu o governo e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, cuja permanência no cargo foi confirmada no início da semana pela presidente Dilma Rousseff. Entre os itens explosivos estavam os vetos ao reajuste a funcionários do Judiciário e à indexação das aposentadorias ao salário mínimo – ambos mantidos pelos parlamentares. Em Nova York, Levy se disse hoje “confortável” no governo.
A ata do Fed, divulgada no final da tarde de quarta-feira, continuou a produzir efeitos nos negócios no Brasil. Segundo operadores, apesar de admitir condições para a elevação dos juros nos EUA em dezembro, o documento manteve um tom suave, compatível com uma elevação gradual e cautelosa das taxas dos Fed Funds.
Analistas também apontam a inflação do IPCA-15 de novembro como fator que ajudou a aliviar as taxas. O índice teve alta de 0,85%, acima do 0,66% de outubro, mas levemente abaixo da mediana de expectativas do mercado, de 0,87%. Nesse ambiente, os investidores aproveitaram o gancho para zerar o resto das apostas em alta da Selic na próxima semana.
Pela manhã, o Tesouro vendeu 12,5 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN), títulos prefixados com vencimentos entre 2016 e 2019, num total de R$ 10,289 bilhões. Após o leilão, investidores reduziram posições no mercado futuro, o que também contribuiu para o aprofundamento da queda das taxas no período da tarde.
Ao final dos negócios no horário regular da BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro de 2016 teve taxa de 14,167%, frente a 14,186% do ajuste da véspera. O DI de janeiro de 2017, o mais negociado, fechou a 15,21%, de 15,45% do ajuste anterior. O vencimento de janeiro de 2019 ficou com taxa de 15,44%, contra 15,69% de ontem. Na ponta mais longa, o DI com vencimento em janeiro de 2021 fechou em 15,27%, de 15,51%.