Economia

Se produção do pré-sal cresce, é porque não se espera prejuízo, diz ANP

Evitando polêmicas sobre a viabilidade da produção de petróleo na camada pré-sal, a diretora geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, afirmou nesta terça-feira, 27, que “nenhuma empresa aumenta produção para ter prejuízo”, em referência às recentes altas de produção. Sem citar valores de referência, a diretora avaliou que os preços de bens e serviços também estão em queda, acompanhando a redução das cotações internacionais de petróleo, e que a redução de custos é contabilizada pelas empresas.

“Temos uma produção crescente no Brasil. Empresa trabalha para aumentar a produção e ter lucro”, resumiu a diretora, em coletiva a jornalistas durante a OTC Brasil, feira do setor de óleo e gás. Em agosto, segundo os dados da agência, a produção no polígono do pré-sal superou a marca de 1 milhão de barris por dia.

Magda avalia que a curva de aprendizado dos projetos vai gerar uma redução de custos, assim como o novo cenário de preços de bens e serviços. A diretora citou como exemplo os contratos de afretamento diário de sondas, que saiu de um patamar superior a US$ 700 mil para cerca de US$ 350 mil.

“Bens e serviços também se alteram no mesmo sentido (queda), mas defasado ao longo do tempo. Tudo isso tem que ser levado em conta. A curva de aprendizado também trouxe economias significativas em todos os projetos”, afirmou Magda.

Renovação de concessões

A diretora da ANP estimou que, até o final do ano, a autarquia deve concluir a avaliação interna sobre a renovação de três concessões da Rodada Zero, entre elas Marlim, na Bacia de Campos. Realizada em 1998, a rodada concedeu à Petrobras cerca de 260 blocos antes da abertura do setor a empresas privadas. As concessões vencem em 2025, e a estatal já solicitou a renovação de todas.

Segundo Magda, há requisitos para garantir a renovação das concessões, como a apresentação de um Plano de Desenvolvimento atualizado. Parte dessas informações já foi entregue pela estatal e estão em análise por um grupo de trabalho criado na autarquia para discutir o procedimento de renovação. A previsão é de que os primeiros blocos que passem pela análise sejam Marlim, Araçás (BA) e Ubarana (RN).

Além do plano atualizado, a empresa deve apresentar à agência informações sobre o estágio atual do campo, os investimentos previstos e as “motivações financeiras” para manter a concessão. Segundo Magda Chambriard, a perspectiva de produção de algumas áreas avança por “décadas” além do prazo de concessão. A área de Marlim, citada como exemplo, ainda teria produção por “uma década” além de 2025.

“A Petrobras no plano de negócios do último ano previa duas unidades para Marlim até 2020, agora só prevê uma. Mas a empresa tem uma receita de produção maior que dez anos para justificar a renovação dos campos”, afirmou. Segundo ela, há campos em terra que não justificariam a continuidade das concessões.

A renovação das concessões foi solicitada no último ano pela então presidente da Petrobras, Graça Foster. Ao todo, 262 blocos foram concedidos na Rodada Zero. Caso as concessões não sejam renovadas, há possibilidade de serem relicitadas em novas rodadas.

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