A divulgação de diversos indicadores econômicos concentrou as atenções dos investidores durante todo o dia, mas poucos dados tiveram influência mais forte sobre o mercado de juros nesta quinta-feira, 29. Entre indicadores de inflação, ata do Copom e números fiscais, o mercado reagiu mais fortemente à influência do cenário externo e aos dados da Nota de Política Fiscal de setembro, divulgados à tarde.
As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) negociadas na BM&FBovespa abriram em baixa, mas inverteram a tendência ainda pela manhã, acompanhando a alta do dólar e dos juros dos Treasuries. A elevação das taxas dos títulos do Tesouro americano, por sua vez, ainda foi reflexo da sinalização do Federal Reserve (o banco central dos EUA), na véspera, de que poderá começar a elevar os juros da economia americana ainda este ano.
A virada do dólar, pouco depois do meio-dia, não foi suficiente para reduzir os prêmios dos DIs, o que só aconteceu à tarde, com a divulgação dos dados do setor público melhores que o esperado em setembro. De acordo com o Banco Central, o setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção da Petrobras e Eletrobras) apresentou déficit primário de R$ 7,318 bilhões no mês passado. O resultado deficitário ficou bem menor do que o de setembro de 2014, quando houve déficit de R$ 25,491 bilhões. A mediana apurada pelo AE Projeções com 12 instituições financeiras apontava um déficit maior, de R$ 8,350 bilhões.
O dado, que acabou por levar o dólar às mínimas do dia, aliviou as taxas dos DIs. Os vencimentos mais curtos terminaram o dia em leve baixa, enquanto os mais longos ainda preservaram uma pequena alta. O DI para janeiro de 2016 fechou o horário regular em 14,24%, contra 14,30% do ajuste de quarta-feira. O vencimento de janeiro de 2017, o mais negociado, ficou com taxa de 15,38%, a mesma do ajuste de ontem. Já a taxa do DI de janeiro de 2021 subiu de 15,88%, no ajuste anterior, para 15,95%.
Pela manhã, a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) enfatizou os problemas fiscais do País e contribuiu para a pressão sobre os juros. O documento também confirmou a leitura de que a meta de inflação de 4,5% para 2016 deverá ser perseguida em 2017.