O novo secretário de Educação do Estado de São Paulo, José Renato Nalini, não garantiu que vai dar continuidade ao projeto de reorganização da rede escolar, que no ano passado motivou uma série de ocupações de escolas e acabou suspenso. Ao tomar posse do cargo, na manhã desta quinta-feira, 28, Nalini disse que vai ouvir alunos, professores e especialistas sobre o projeto.
Ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Nalini foi escolhido pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) após a crise em torno do projeto de reforma da rede no ano passado. Quase 200 escolas foram ocupadas em protesto ao projeto do governo, que previa fechamento de 93 prédios e a transformação de 754 escolas em unidades de ciclo único.
Com ocupações e protestos, Alckmin suspendeu e reorganização e demitiu o então secretário de Educação, Herman Voorwald. O episódio se configurou no maior desgaste político de Alckmin.
A gestão estadual insiste, desde o ano passado, que o projeto deve ser retomado neste ano. Questionado se iria mantê-lo, Nalini evitou dar certeza. “Não falei que vou seguir adiante (com o plano), falei que vou ouvir. Um plano não surgiu do acaso, vou chamar as lideranças, responsáveis, pensadores, e verificar o que foi o motivo da revolta. Sei que não é só o plano, há pauta maior e precisamos verificar cada item”, disse ele em entrevista após a posse oficial. “Não podemos reinventar roda, não é amanhã que as coisas vão se resolver. O que é importante saber é que há um secretário disposto a ouvir.”
Tido como conciliador, Nalini fez questão de reafirmar disposição ao “diálogo” e transparência. “(O maior desafio) é abrir as portas do diálogo para todos aqueles que têm reivindicações”, disse o secretário.
A cerimônia, realizada no Palácio dos Bandeirantes, contou com a presença de praticamente todo secretariado de Alckmin, professores universitários, membros do judiciário e intelectuais ligados à Academia Paulista de Letras, composta por Nalini. Entre os políticos, estava a senadora Marta Suplicy, ex-petista que migrou para o PMDB.
O secretário municipal de Educação de São Paulo, Gabriel Chalita (PMDB), teve assento de destaque na cerimônia, ao lado do novo titular da Educação no Estado. Mesmo fazendo parte da gestão Fernando Haddad (PT), Chalita mantém trânsito livre com Alckmin e foi um dos maiores apoiadores de Nalini ao cargo.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) defendeu que Nalini tem experiência como professor e que “educa pelo exemplo”. “Nalini reúne diálogo com todos os protagonistas e áreas, alunos, e especialmente os pais dos alunos, professores e a sociedade”, disse.