A mudança de Joaquim Levy por Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda não agradou ao mercado, pelo menos nesta segunda-feira, 21, primeira sessão após o anúncio oficial. Apesar do discurso do novo titular, que promete manter o esforço para promover o ajuste fiscal, as taxas dos contratos futuros subiram de forma consistente, em meio à aversão ao risco.
No fim da sessão regular, a taxa do contrato futuro de juros para abril de 2016 marcou 14,72%, ante 14,67% do ajuste de sexta-feira. O DI para janeiro de 2017 indicou 16,00%, ante 15,83%, e o vencimento para janeiro de 2018 apontou 16,72%, ante 16,46%. Entre os vencimentos mais longos, o DI para janeiro de 2021 marcou 16,57%, ante 16,33% da última sexta-feira.
“A piora dos mercados em geral começou há algumas semanas e, na sexta-feira, com a possibilidade de Levy sair, isso se intensificou. Hoje vemos uma extensão deste processo”, disse o economista-sênior do Haitong, Flávio Serrano. “Barbosa falou que a política continuará como estava, que não haverá diferenças. Mas o mercado está um pouco cético em relação a isso.”
Este ceticismo foi visto desde o início do dia, tanto no segmento de DIs quanto no câmbio. O fato de o dólar ter subido de forma consistente ante o real, para acima dos R$ 4,00, acabou alimentando também o avanço dos prêmios na curva de juros. “O mercado de juros andou muito de acordo com o dólar, em função da aversão ao risco. O CDS (Credit Default Swap) bate nos 500 pontos e, no geral, o pessoal não recebeu bem a troca de Levy por Barbosa”, comentou um profissional da área de renda fixa que prefere não se identificar.
Barbosa até tentou minimizar as tensões, ao fazer teleconferência com investidores por volta do meio-dia. Nela, ele reforçou o compromisso com a meta fiscal de 2016 (superávit primário de 0,5% do PIB) e citou as reformas da Previdência Social e a tributária como prioridades. Ao mesmo tempo, disse que o País está “pronto para colocar muitos projetos de infraestrutura”.
O novo ministro da Fazenda também garantiu que o governo não pretende alterar a regra de reajuste do salário mínimo. “As regras do salário mínimo já foram debatidas. As regras foram definidas até 2019”, disse. Segundo ele, esse mecanismo mantém o custo real do salário mínimo estável nos próximos anos por conta do baixo crescimento da economia.