Economia

Ex-BC Mário Torós não vê plena situação de dominância fiscal no Brasil

O ex-diretor do Banco Central e atual sócio da Ibiúna Investimentos Mário Torós afirmou nesta quarta-feira, 2, que, no Brasil, não há uma plena situação de dominância fiscal, situação na qual a desordem das finanças assume uma dinâmica própria e tira a capacidade de ação dos juros sobre a inflação. De acordo com ele, este cenário atual, sem a dominância fiscal plena, permite uma ação eficiente do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para subir os juros, a fim de conter a expansão dos preços. “O BC tem condições de aplicar a política monetária para combater a inflação”, destacou, durante evento realizado em São Paulo.

Segundo Torós, o Banco Central sinalizou no comunicado da última reunião do Copom que pode elevar a Selic em janeiro, a fim de ajudar a ancorar expectativas de inflação. Mas, segundo ele, não é possível saber a magnitude do ciclo. “Como só há funcionando dois canais de transmissão da política monetária para a atividade e depois para a inflação, que são demanda e crédito, uma alta expressiva da taxa poderia causar custos sociais muito grandes.”

O ex-diretor do BC disse que o Ministério da Fazenda e o Banco Central adotam medidas corretas na gestão das políticas fiscal e monetária, respectivamente. “Contudo, a piora da situação política impede a reversão das condições da economia”, destacou. “Sem atacar problemas fiscais, o Brasil terá mais inflação e mais câmbio.”

Na avaliação de Torós, como o “governo não tem disposição de cortar gastos” e há também rigidez orçamentária, o Poder Executivo irá aumentar tributos em 2016. “Subida de impostos no ano que vem é dada e trará impactos na inflação.”

No mesmo evento em São Paulo, o ex-diretor do Banco Central e atual sócio do banco Brasil Plural, Mário Mesquita, afirmou que, após a divulgação do comunicado da última reunião do Copom, a leitura que ele faz é que “o BC está muito inclinado a subir os juros” em janeiro. “É cedo para dizer qual vai ser a magnitude do ciclo de alta de juros no Brasil”, completou.

Na avaliação de Mesquita, como existe uma forte indexação da inflação no Brasil ele acredita que a taxa vai desacelerar no próximo ano, mas não será muito, sem indicar quanto o IPCA avançará em 2016. Ele citou que devido à situação financeira da Petrobras, deverá ocorrer aumento de gasolina no ano que vem. “E o governo considera aumento da Cide, o que pode complicar o trabalho do BC.”

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