A bancada do PT no Senado optou, na manhã desta quarta-feira, por reconduzir Humberto Costa (PT-PE) à liderança do partido na Casa. O senador, que já havia demonstrado vontade de deixar o posto, teve de permanecer à frente da bancada por falta de outros candidatos interessados. Confirmado no cargo, ele adotou tom mais conciliador sobre propostas de reforma da Previdência e volta da CPMF.
“Não pude me furtar de assumir essa responsabilidade. Houve um entendimento de todos de que, exatamente pelo momento de dificuldade, seria interessante que alguém já com alguma experiência pudesse fazer esse trabalho”, justificou Costa, que assume a liderança do PT pela terceira vez consecutiva e quarta vez na carreira de senador. Ele já havia declarado, entretanto, que preferia sair do cargo e se dedicar às eleições municipais em Pernambuco.
Além da preferência por alguém com experiência, a decisão também foi determinada pela falta de interesse de outros colegas de bancada em assumir a liderança. Nenhum senador colocou o nome para candidatura ao cargo. O senador Paulo Rocha (PT-PA), que já havia demonstrado interesse em se candidatar, chegou à reunião de cara fechada e negou qualquer intenção de assumir a vaga.
O desinteresse vem da responsabilidade e da exposição do cargo. O novo líder, assim como no ano anterior, está fadado a representar um partido em crise e negociar temas que são de interesse do governo, mas que não agradam a bancada do PT.
CPMF e Previdência
As duas prioridades da presidente Dilma Rousseff, colocadas para o Congresso na cerimônia de abertura no ano legislativo na terça-feira, 2, são a reforma da Previdência e a volta da CPMF, temas que desagradam tanto a oposição quanto a base de apoio. Mais conciliador do que na tarde de ontem, quando fez críticas à relação da presidente com o Congresso, Humberto Costa negou que haja “divergência” entre os parlamentares petistas e o Planalto e defendeu que as propostas precisam ser estudadas e debatidas.
“Depende de qual é reforma da Previdência e de quando vai passar a valer. O que advogamos é que qualquer decisão que o governo tome seja resultado de uma ampla discussão com a sua base aqui no Congresso Nacional”, afirmou Humberto. Ele acredita que, dependendo da proposta, a reforma da Previdência pode ser aprovada com consenso.
Quanto à CPMF, Costa tornou a afirmar que não acredita que haja votos necessários para a aprovação da proposta. “É um tema que a bancada já absorve razoavelmente bem, outras bancadas é que têm mais dificuldades”, disse. Mas confessou que muitos petista têm a “esperança de que talvez não seja tão necessário”. Ele espera que recursos advindos de outras medidas do ajuste fiscal, como a repatriação de dinheiro do exterior, sejam suficientes para trazer o equilíbrio fiscal desejado. Nem ele próprio, entretanto, acredita fielmente nesta tese. “Quem sabe a CPMF não seja necessária. Em princípio, parece que é. O governo já fez um esforço muito grande, mas está claro, neste momento, que só isso não vai ser suficiente.”