O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, revisou nesta terça-feira, 22, as projeções da instituição para a expansão do crédito de 2015. A estimativa anterior de expansão de 9% foi substituída pela de 7%, agora para este ano. Esse novo patamar é o mais baixo da série histórica, que, para este parâmetro, teve início em março de 2007.
“Essa mudança reflete a evolução dos créditos nos últimos meses”, explicou o técnico. Em 12 meses até novembro, o estoque de empréstimos do País apresenta alta de 7,4%.
A revisão se deu por causa de mudanças na abertura dos indicadores. No caso do crédito livre, Maciel prevê agora um crescimento de 4% para este ano no lugar da previsão anterior de 5%. No caso de direcionado, a diminuição da estimativa foi ainda maior, de 14% para 10%.
Por bancos, Maciel também apresentou mudanças em relação a 2015. No caso dos públicos, a expectativa caiu de 13% para 10%; no de instituições nacionais privadas, de 3% para 1% e, no de bancos estrangeiros privados, de 7% para 6%.
Com isso, a nova projeção do técnico para o mercado de crédito em 2015 na comparação com o Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 54%. De acordo com ele, não é possível fazer comparação com a estimativa anterior porque houve mudança do PIB anunciada pelo IBGE. Em 2014, o mercado representou 53% do PIB.
Bancários
Maciel comentou que o mercado de crédito retomou o crescimento em novembro após uma baixa vista em outubro. Segundo ele, a redução do mês anterior pode ser atribuída à paralisação das atividades dos bancários. “Apesar de retomada, a expansão do crédito foi tímida para o período”, comparou.
Isso porque, em novembro de 2014, o estoque do mercado teve crescimento de 1,3% na margem e, no mês passado, de 0,6%. “Houve recuo tanto no segmento de crédito livre quanto no direcionado”, analisou.
Maciel explicou que a retração da atividade econômica se refletiu em várias modalidades de crédito em 2015, e que esse movimento pode ser visto, em especial, nas empresas. “O crédito para capital de giro no ano reflete um ano de retração econômica”, afirmou. Segundo ele, no caso do crédito direcionado, valem como destaques os comportamentos do crédito imobiliário (no caso de Pessoa Física) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no caso de Pessoa Jurídica.
Esse recuo mais acentuado do capital de giro (de 35,1% do estoque em 12 meses até novembro e de 8,6% em relação às concessões também em 12 meses) é o que melhor reflete, segundo o técnico, o desempenho da atividade econômica. “É natural em ano de retração da economia”, disse. No caso das famílias, lembrou, esse movimento de baixa já ocorre há algum tempo.
Renegociação
Para tentar honrar seus compromissos, os consumidores têm procurado renegociar suas dívidas, conforme detectou o chefe do Departamento Econômico do BC. Não há dados disponíveis na nota mensal de crédito que possam comprovar esse comportamento também entre as empresas, mas ele avaliou que esse também tem sido o caminho trilhado pelas Pessoas Jurídicas.
Nos dados de renegociação da nota, que incluem mudanças de modalidades de crédito – e não redução de taxas dentro de uma mesma categoria de empréstimos -, houve alta de 1,4% em novembro na margem e elevação de 15,2% em 12 meses até novembro. “É bem provável que, num cenário de menor crescimento, de renda e salário mais baixos e aumento de desemprego, haja uma natural disposição de buscar as agências para renegociar créditos”, considerou Maciel. “A alta na renegociação de crédito reflete o cenário de menor expansão e mercado de trabalho”, resumiu.
Não há o mesmo indicador para Pessoa Jurídica, mas o técnico ressaltou que a rubrica “outros” dentro do saldo por modalidade em recursos livres contém parte desse movimento. Em 12 meses até novembro, a elevação é de 29,4% e, no mês passado na margem, de 6,2%. “Parte dessa expansão deve repercutir a procura por essas renegociações”, disse.
2016
As primeiras estimativas da instituição para o mercado de crédito no ano que vem foram apresentadas por Tulio Maciel, nesta terça. Ele previu expansão de 7% em 2016, porcentual que, se for confirmado, repetirá a projeção reduzida para este ano – a menor expansão desde 2007. Pelos cálculos de Maciel, a expansão do crédito livre ficará em 5% em 2016 e a do direcionado, em 9%.
O crescimento do mercado de empréstimos continuará a ser puxado pelos bancos públicos, de acordo com o técnico. Esse segmento registrará expansão de 9% no ano que vem, segundo ele, ante alta de 3% dos bancos privados nacionais e de 7% das instituições privadas estrangeiras.
Com isso, o mercado de crédito teria uma participação de 55% no Produto Interno Bruto (PIB) do ano que vem.