O mercado futuro de juros voltou a passar nesta quarta-feira, 23, por ajustes em baixa de suas taxas, numa continuação do movimento visto ontem. O Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado pela manhã pelo Banco Central, consolidou a percepção de que, para conduzir a inflação para a meta de 4,5% em 2017, será preciso iniciar um novo ciclo de alta da Selic. Só que este ciclo não será tão forte quanto o atualmente precificado na curva a termo – daí a queda das taxas hoje.
Ao fim da sessão regular, o vencimento para janeiro de 2017 indicava 15,83%, ante 15,89%, e o DI para janeiro de 2018 tinha taxa de 16,50%, ante 16,65%. Na ponta longa, o contrato para janeiro de 2021 marcava 16,48%, ante 16,57%.
Pela manhã, o RTI trouxe uma projeção de inflação para 2016 de 6,2% em seu cenário de referência, ante os 5,3% do documento anterior. Já o IPCA de 2017 foi projetado em 4,8%. Na prática, o BC trabalha com a hipótese de que a inflação ficará abaixo do teto da meta (6,5%) em 2016 e próximo do centro da meta (4,5%) em 2017. No cenário de mercado, as projeção são de 6,3% para 2016 e 4,9% para 2017.
Na visão do mercado, para fazer a inflação convergir para a meta em 2017 o Banco Central precisará, de fato, reiniciar o ciclo de alta da Selic. “Está se consolidando o consenso de que é preciso um ciclo de 100 pontos-base”, comentou um gestor, que prefere não se identificar. “Com 100 pontos, você reduz a probabilidade de estouro da meta de inflação em 2016 (hoje em 41% no cenário de referência) e faz a projeção de 2017 caminhar para os 4,5%.”
Como o mercado de DI precifica hoje elevações maiores da Selic, numa sequência que poderia ser de cinco altas consecutivas de 50 pontos-base (250 pontos no total), muitos investidores ajustam posições. “A curva continua com muita gordura”, comentou o gestor.
Entre os indicadores do dia, destaque para os dados de arrecadação de novembro, que somou R$ 95,461 bilhões. Isso representa uma queda real (descontada a inflação) de 17,29% na comparação com o mesmo mês de 2014. Em relação a outubro, houve uma queda de 8,72% na arrecadação. Foi o pior desempenho para meses de novembro desde 2008.