A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) recebeu aval dos órgãos reguladores do Sistema Cantareira para aumentar em 18% o limite de captação de água do manancial em fevereiro. Agora, a empresa poderá retirar até 23 mil litros por segundo dos reservatórios, ante os 19,5 mil l/s autorizados em janeiro, média que não é praticada desde abril de 2014.
Com a medida, a Sabesp poderá abastecer até 7 milhões de pessoas na Grande São Paulo com água do Cantareira e diminuir mais o tempo de racionamento feito por meio da redução da pressão. Antes do início da crise hídrica, em janeiro de 2014, o sistema atendia 8,8 milhões de pessoas com 32 mil litros por segundo.
O aumento foi autorizado nesta sexta-feira, 5, pela Agência Nacional de Águas (ANA), do governo federal, e o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), do governo paulista. Segundo a Sabesp, “o mês de fevereiro é historicamente de maior consumo, pelo retorno das aulas e do aumento do calor” e por isso “se prevê um acréscimo na demanda de água” na Grande São Paulo.
Ainda de acordo com a companhia, o aumento na exploração do Cantareira “não fere o compromisso de recuperar o sistema”, que está com 16,9% da capacidade normal (sem incluir o volume morto) nesta sexta-feira. Há um ano, o índice era 20% abaixo de zero, dentro da reserva profunda.
Embora a Sabesp tenha sido autorizada a retirar do Cantareira 19,5 mil l/s em janeiro, o volume médio produzido no manancial no mês passado ficou em 15,7 mil l/s. Na ocasião, a companhia havia pedido autorização para captar até 24 mil l/s com o objetivo de chegar em dezembro de 2016 com 5% de água no sistema. O pleito foi negado pela ANA, que trabalha com uma meta de 20%.
“A operação do sistema no mês de janeiro teve influência de fatores importantes, que delimitaram o pleno aproveitamento dos limites concedidos, que são as baixas médias de temperaturas registradas e o período de férias escolares, que provoca uma grande saída de pessoas da região metropolitana em direção ao litoral e interior”, justificou.
Até esta sexta-feira, a produção média de água do Cantareira é de 17 mil l/s. Isso significa que, se a Sabesp retirar todo o volume permitido, o aumento será ainda maior, de 35%. No auge da crise, a Sabesp chegou a retirar 13,5 mil l/s do Cantareira, em abril de 2015, menos da metade da capacidade máxima de produção, de 33 mil l/s.
Com a volta das chuvas, a partir de outubro de 2015, e a recuperação gradual do nível do Cantareira, que deixou o volume morto no fim de dezembro após 18 meses, os órgãos reguladores autorizaram aumentos consecutivos na exploração do sistema, o que permitiu que a Sabesp reduzisse o tempo médio de racionamento de água na capital de 15 horas para 8 horas atualmente.