As taxas de juros negociadas no mercado futuro orbitaram nesta terça-feira, 15, essencialmente em torno de notícias relacionadas ao setor fiscal. Os vencimentos mais longos operaram em alta durante todo o dia, precificando um cenário de incertezas quanto à meta de superávit primário para o ano que vem e a permanência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Pela manhã, a declaração de Levy de que redução da meta de superávit primário de 2016 seria “inconveniente e um equívoco” ajudou a sustentar os prêmios de risco. A frase remeteu os investidores ao “estou fora” que Levy disse na semana passada a parlamentares da Comissão Mista de Orçamento (CMO), quando se falava que parte do governo defendia zerar a meta.
A pressão ganhou força à tarde, com a notícia de que o governo poderia definir hoje uma nova meta, de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem, contra o 0,7% defendido pelo ministro da Fazenda. Mas as taxas desaceleraram para perto dos ajustes alguns instantes depois, com a revelação do relator-geral do projeto do Orçamento, Ricardo Barros (PP-RR), de que seu relatório não prevê mudança na meta fiscal do ano que vem. “Está mantido como estava”, disse o relator.
A cautela, no entanto, prevaleceu até o final dos negócios no horário regular, uma vez que uma nova meta pode surgir da reunião da Junta Orçamentária, prevista para acontecer ainda hoje no Palácio do Planalto.
O mercado também monitorou o discurso do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), mas não chegou a exibir reação na curva. A fala do dirigente do BC foi considerada dentro do esperado, sem surpresas em relação ao que já vinha sendo dito.
Em resposta as parlamentares, o presidente do BC negou que a política monetária tenha perdido eficácia. “A eficácia da política monetária está impactada por série de choques vividos em 2015, por choques de preços administrados e pela depreciação do câmbio. Ela não perdeu eficiência”, argumentou.
Ao final dos negócios do horário regular da BM&F, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) de abril de 2016 fechou com taxa de 14,690%, ante 14,700% do ajuste de segunda-feira. O vencimento de julho de 2016 projetou taxa de 15,215%, de 15,245% do ajuste anterior. O DI de janeiro de 2017 terminou com taxa de 15,98%, ante 16,05%. O DI de janeiro de 2018 teve taxa de 16,43%, de 16,44%. Na ponta mais longa da curva, o DI para liquidação em janeiro de 2021 ficou com taxa de 16,10%, ante 16,09%.