A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Janet Yellen disse nesta quarta-feira que “não é preciso ver a inflação atingir a meta de 2% do Fed antes de elevar os juros novamente”, acrescentando que não existe fórmula simples para observar o que é necessário que ocorra com a inflação para que novos aumentos nas taxas de juros aconteçam no futuro, embora admita que haveria cautela caso a inflação não caminhe para a meta.
Segundo ela, caso os dados lancem dúvidas sobre projeções de inflação, “poderá haver pausa no aperto”. Yellen reconheceu que a inflação não atingiu a meta nos últimos três anos e pontuou como um dos problemas para isso a queda dos preços do petróleo. “Fiquei surpresa pela queda nos preços do petróleo, o que tem reduzido os investimentos no setor”, argumentou.
No entanto, Yellen segue firme com sua opinião de melhora na economia e acredita que a taxa de juros deverá subir até o fim de 2018 para perto do nível normal de longo prazo. “Sinto confiança nos fundamentos que guiam a economia dos EUA e o Comitê acredita que o processo de normalização seguirá tranquilamente”.
A presidente do Fed disse que “gostaria de ver uma longa corrida e expansão sustentável” e que o aumento dos juros ocorreu para evitar “uma situação na qual podíamos ser forçados a apertar a política abruptamente”. “Bancos centrais demoraram para elevar os juros e quanto fizeram isso a inflação estava muito alta e eles acabaram enfrentando uma crise por causa disso. Elevamos os juros para evitar uma recessão no futuro”, destacou a presidente.
Para que isso não ocorra e que seja uma transição saudável, Yellen reiterou diversas vezes em suas respostas que o Fed atuará de maneira “prudente” e “gradual”. “Não acredito que Fed terá de voltar atrás, cortar taxas de juros novamente”, disse Yellen, acrescentando que a alta gradual dos juros não significa que seja com igual intervalo nem do mesmo patamar.
Durante a coletiva de imprensa, Yellen afirmou que não foi a credibilidade do Fed que levou a um aumento das taxas de juros, mas sim os dados econômicos, que apesar de se mostrarem mistos atualmente, a tendência é de melhora. “O impacto do aumento da taxa tem um impacto defasado. O Fed está apontando para uma economia a nove meses adiante”.
EMERGENTES – Yellen afirmou que o banco central norte-americano monitora “constantemente” os acontecimentos no exterior, inclusive nos mercados emergentes. Segundo Yellen, há emergentes afetados negativamente pela queda nos preços das commodities, mas há também outras nações nesse grupo com uma economia mais resistente que em períodos anteriores, como nos anos 1990.
A presidente do Fed disse que pode haver efeitos negativos no exterior por causa da ação do Fed, mas também efeitos positivos. Segundo ela, se por um lado os emergentes têm o impacto negativo da saída de capital pela alta nos juros nos EUA, por outro há o fato positivo de que a economia norte-americana mostra força, o que beneficia também esses países, afirmou ela.