A polêmica disputa pela liderança do PMDB na Câmara ganhou mais um capítulo nesta quinta-feira, 11. Agora, o motivo de troca de acusações entre aliados do atual líder, Leonardo Picciani (RJ), que tenta a recondução ao posto, e de Hugo Motta (PB), seu rival, é o Código de Mineração, empacado na Casa há três anos.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apoiador de Motta, e o antigo relator do texto, Leonardo Quintão (MG), aliado de Picciani, são os protagonistas da troca de farpas.
Cunha rebateu Quintão, que, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, disse que seu relatório, que dá nova redação ao texto de 1967, está pronto para votação desde o início de 2014, mas não foi à votação por culpa do presidente da Câmara. “Ele que nunca colocou para votar”, afirmou Quintão mais cedo.
A reação de Cunha foi imediata. “Em primeiro lugar, o presidente da Câmara em 2014 era Henrique (Henrique Eduardo Alves, PMDB-RN). Em segundo lugar, Quintão era relator na comissão especial e não conseguiu votar na comissão por falta de apoio”, afirmou Eduardo Cunha.
O atual presidente da Câmara disse ter conversado com Quintão no ano passado e que comunicou a ele que o destituiria da relatoria da comissão especial criada para tocar o novo texto. “Chamei ele em agosto para café na minha casa. Comuniquei que iria recriar a comissão e ele não seria mais relator”, afirmou Cunha.
Quintão diz que foi destituído da relatoria do colegiado em retaliação ao seu apoio a Picciani na disputa pela liderança. Em seu lugar, foi nomeado o deputado Laudívio Carvalho (MG). “Ele não consegue votar faz três anos. Essa é a verdade. Não tem nada a ver com liderança”, retrucou Cunha, que disse ter colocado o texto na pauta do plenário na semana passada a partir do pedido feito da presidente Dilma Rousseff em mensagem ao Congresso.
A troca de acusações públicas começou a partir de reportagem publicada hoje pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, segundo a qual deputados do grupo de Picciani irão procurar o paraibano para propor uma “saída honrosa” que não desgaste Cunha, interessado em impedir a recondução do atual líder.
Contando com a derrota de Motta, aliados de Picciani, encabeçados por Quintão, querem procurá-lo na próxima semana para propor que ele desista da disputa para evitar que Cunha seja derrotado no momento em que tenta garantir sua permanência na presidência da Câmara e salvar seu mandato diante das investigações da Operação Lava Jato. “Quem está precisando de saída honrosa é Quintão, por isso a polêmica”, reagiu Cunha.
Leonardo Quintão disse que a escolha de Laudívio Carvalho para a relatoria de plenário “tem tudo a ver” com a disputa pela liderança da bancada. Ele confirmou que Cunha o chamou para conversar em agosto do ano passado sobre a recriação da comissão especial, mas disse que em nenhum momento o presidente da Casa informou que pretendia substituí-lo da função. “Ele não está sendo sincero com a (história da) conversa”, disse.
Quintão explicou que seu relatório já está pronto para votação em plenário e que só não passou pela votação na comissão porque os parlamentares concluíram que poderia seguir direto para o plenário. “Com novo relator, vai ter de discutir tudo de novo”, afirmou.
O mineiro, que destituiu Picciani no final do ano passado, o enfrentaria na disputa deste ano, mas resolveu apoiá-lo após a entrada de Hugo Motta, disse que não cabe a ele colocar um projeto em votação e sim ao presidente da Câmara. Ele acredita que a escolha de Laudívio se deve ao fato do deputado ser o único da bancada mineira disposto a votar em Motta, uma vez que o parlamentar é radialista e não teria familiaridade com o assunto.
Quintão voltou a defender que Motta desista da disputa para evitar uma derrota para Cunha. “A derrota será pior para Cunha. Estou fazendo um gesto de amigo”, provocou.