Uma portaria interministerial do Banco Central, Fazenda, Planejamento e Advocacia Geral da União publicada na manhã desta sexta-feira, 18, no BC Correio cria grupo de trabalho formado por representantes desses órgãos para encontrar um desfecho para a Companhia América Fabril (CAF). A intenção é extinguir a empresa, que está sob o controle do BC e em liquidação ordinária. O grupo tem como missão apresentar proposta de solução para a situação da CAF em 90 dias.
A empresa, criada nos anos de 1800 e que chegou a ser a terceira maior indústria do País, praticamente não existe mais hoje, mas a massa liquidanda acabou sendo transferida ao BC por causa de uma série de operações feitas na década de 1960, quando a situação financeira ficou complicada para a CAF. O BC transferiu recursos para um banco de investimentos, que, por sua vez, transferiu o dinheiro para a indústria numa tentativa de salvá-la do fechamento.
A empreitada, no entanto, não teve êxito e o BC, por essa via indireta, acabou se tornando o controlador da empresa. Conforme apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, todo o passivo trabalhista já foi resolvido assim como outras pendências. O que permanece sem solução é a parte dos imóveis ligados à companhia, a maioria localizada no bairro Jardim Botânico, no Rio de Janeiro.
Apesar de o terreno ser do governo, as casas são privadas, mas não há condições de negociá-las porque, além do tombamento, há também dificuldade de transferência por falta de documentos e pagamentos de impostos estaduais e federais. Um segundo problema a ser resolvido é que alguns imóveis foram invadidos e é preciso também sanar essa discussão.
O grupo de trabalho tentará, conforme apurou o Broadcast, vender esses imóveis à Secretaria de Patrimônio da União, fazendo com que credor (governo) e devedor (também o governo) passem a ser a mesma pessoa jurídica, o que resolveria o problema. A portaria é assinada pelos ministros Alexandre Tombini (presidente do BC), Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e o Advogado-Geral da União, Luís Inácio Adams.