A inflação de dois dígitos é uma herança do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff e tem como origem a política de controle de preços administrados – como por exemplo, os de energia elétrica e do combustível. Em 2015, a correção desses preços como parte do ajuste proposto pela equipe econômica contribuiu para a forte alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No ano passado, o preço da energia elétrica avançou 51%, e o da gasolina aumentou 20,10%.
“Foi uma sequência de erros que culminou no quadro atual”, diz Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos. “Houve uma correção forte num País que já está com uma inflação elevada”, afirma Zeina. Desde 2010, o IPCA sempre ficou próximo ao teto meta (6,5%).
Segundo analistas, o resultado da inflação também pode ser explicado pela ineficiência da política monetária. O Comitê de Política Econômica, do Banco Central, promoveu uma série de aumentos da taxa básica de juros para trazer a inflação para baixo. Somente no ano passado a Selic subiu de 11,75% ao ano para 14,25% ao ano.
A expectativa do controle inflacionário por meio da política monetária foi frustrada pela piora das contas públicas. “A equipe econômica não conseguiu reverter a política fiscal e criar uma superávit primário”, afirma Juan Jensen, sócio da 4E Consultoria. “O governo teve de pagar vários dos gastos efetuados em anos anteriores, mas que não foram devidamente contabilizados”, diz.
A piora fiscal foi decisiva para que a economia brasileira perdesse o grau de investimento, o que levou a uma depreciação do câmbio e, consequentemente, a uma pressão inflacionária adicional e de piora das expectativas – em 2015, o dólar subiu 48,93% em relação ao real.
“O ano passado era para ser do ajuste, mas a economia brasileira deixou escapar o grau de investimento. Fica muito difícil”, afirma Zeina. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.