O mercado de câmbio abriu a segunda-feira, 21, com o dólar futuro em queda, ajustando as cotações após o forte impacto negativo que a escolha de Nelson Barbosa para o Ministério da Fazenda provocaram. No mercado à vista, que fechou na sexta-feira, antes da indicação ser confirmada, a moeda começou a sessão em alta. Às 9h17, o dólar para janeiro recuava 0,21%, a R$ 3,9890 e o dólar à vista era cotado em R$ 3,9777 (+0,41%). Ainda assim, a firmeza de qualquer trajetória parece pouco provável e a volatilidade tende a ser forte.
De acordo com operadores, o espaço para um retorno das cotações viria do fato de que Barbosa era uma possibilidade já considerada e “um dos menos piores” entre os cogitados para substituir Levy. Por outro lado, o que desagrada ao mercado e ainda pode provocar pressões e volatilidade nas cotações do dólar é o fato de que o economista que está deixando o Planejamento tem tom mais desenvolvimentista e é afinado com o PT. Assim, o mercado teme que ele recoloque na condução do País a chamada Nova Matriz Econômica que pautou o mandato de Guido Mantega.
Em sua primeira entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, e ao jornal O Estado de S. Paulo, neste fim de semana, no entanto, Barbosa disse que não gosta desses rótulos e que suas ações mostrarão melhor o seu propósito de colocar as contas públicas em ordem e garantir a retomada do crescimento. Ou seja, o futuro dirá quem está com a razão, como o próprio ministro afirmou.
De acordo com um operador é possível até que o novo ministro, justamente por ter a simpatia do PT, encontre mais espaço para trabalhar e isso seria positivo. No entanto, há que lembrar que a pressão do partido da presidente Dilma Rousseff por mudanças e aproximação dos movimentos sociais deve continuar forte e que há um processo de impeachment em curso. Assim, um eventual refresco para Barbosa pode não durar muito.
E, por falar em impeachment, o olhar dos investidores para a política continuará. A percepção dos operadores, no entanto, é de que a temperatura em Brasília pode ir diminuindo no decorrer da semana, com a proximidade do Natal. Mas a decisão final sobre o recesso tem potencial para gerar volatilidade. Isso se o governo ainda conseguir encurtar o período do recesso, o que parece pouco provável no momento.
Diante disso e do fato de o mercado considerar que, no exterior, a decisão do federal Reserve praticamente encerrou o ano, o foco, nesta segunda-feira, recairá sobre a reunião de Barbosa com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini e, principalmente, sobre sua teleconferência com investidores. A conferir.