O primeiro resultado do ano para o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) indica que todos os repasses causados pelo dólar mais caro e pelo choque em preços de alimentos já terminaram, afirmou nesta segunda-feira, 11, Salomão Quadros, superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV). Por outro lado, o resultado deve acelerar nas próximas leituras diante do impacto dos reajustes em tarifas de ônibus.
Na primeira prévia de janeiro, a inflação que baliza grande parte dos contratos de aluguel subiu 0,41%, contra 0,44% em igual leitura de dezembro. “Em vez de haver oscilação, houve manutenção. Entendo isso como o fim desse ciclo de repasses. Há um pouco mais de convergência entre as taxas”, destacou Quadros.
Segundo ele, essa convergência é percebida principalmente no atacado, em que bens finais e intermediários subiram num ritmo menor que no mês passado, enquanto as matérias-primas brutas tiveram queda menos intensa – soja e milho ficaram até mais caros, mas num movimento de compensação apenas, disse Quadros. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 0,35% neste mês, ante alta de 0,37% na primeira prévia de dezembro.
“Os repasses já se desfizeram, e ainda não começou outro ciclo, que pode haver diante de combinação de choques. Nessa época do ano, já temos por hábito acompanhar os in natura. Esse ano não vai ser diferente, mas não dá para dizer ainda se isso será mais forte”, advertiu o superintendente.
No varejo, a aceleração já é dada como certa, diante do reajuste em tarifas de ônibus em quatro cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. Além disso, haverá pressão das mensalidades escolares, ressaltou o especialista da FGV. “O IPC tende a acelerar. Então, pelo que sabemos do comportamento típico do índice e do que temos neste janeiro, a tendência é que o IGP ganhe força”, explicou.