Economia

Setor de instrumentos musicais sofre com dólar alto

O fraco desempenho da economia brasileira e a alta do dólar têm dificultado a vida dos empresários do setor de instrumentos musicais. A dependência do mercado externo – cerca de 90% dos produtos vendidos no País são importados – fez com que o faturamento ficasse em R$ 935 milhões no ano passado, uma queda de 15% em relação à receita de R$ 1,1 bilhão do ano anterior, de acordo com dados são da Associação Brasileira de Música (Abemúsica).

“As coisas ficaram difíceis com o dólar no patamar que está. O mercado deu uma parada geral e instrumento musical não está entre os primeiros itens da agenda da família”, afirma o presidente da associação, Synésio Batista da Costa. Para este ano, Costa evita fazer estimativas. “Ainda é muito cedo. Ninguém tem condição de dizer como será nada.”

Diante de um cenário tão adverso e da previsão de que o real continue ladeira abaixo (o relatório Focus, do Banco Central, estima que o dólar irá valer R$ 4,25 ao fim de 2016), os empresários preferem adotar uma posição de cautela, evitando grandes investimentos visando à reversão da crise.

A importadora e distribuidora Sonotec é um dos negócios que atualmente está nesse “compasso de espera”. O diretor comercial da empresa, Alexandre Seabra, diz que a empresa reduziu as importações, por causa da queda na demanda, e também porque teve a margem de lucro prejudicada, pois não conseguir repassar ao preço em reais toda a alta da moeda americana.

O faturamento da Sonotec caiu 15% em 2015 e a companhia trabalha com a hipótese de ficar no zero a zero neste ano. “Com o cenário atual, não dá para pensar em crescimento”, frisa Seabra.

Reforma

Como ficou mais caro comprar um instrumento novo, há músicos optando por reformar a antiga guitarra. A Music Kolor, com sede em Santo André, no ABC Paulista, faz customização de instrumentos musicais e vem percebendo um aumento da demanda nos últimos meses.

A Musick Kolor surgiu há cinco anos a partir de uma necessidade pessoal do empresário Rafael Romano, que trabalhou como professor de guitarra e tocou em algumas bandas. Durante um show, o instrumento caiu no palco e ele encontrou dificuldades para achar uma empresa especializada em pintura.

Com a ajuda do pai, que já havia trabalhado como pintor no setor de automóveis, Romano começou a testar tintas e chegou a uma técnica própria de pintura. Transformou a habilidade em negócio. Hoje, Rafael se dedica apenas à customização dos instrumentos, enquanto seu sócio, Felipe Carvalho, é responsável pelas áreas financeira e administrativa.

Fazendo propaganda nas redes sociais, a Music Kolor também começou a atrair trabalhos do exterior – uma vantagem competitiva nesses tempos de dólar acima de R$ 4. “Resolvemos traçar uma estratégia mais detalhada para fazer a expansão mundial”, conta Carvalho. Um dos pontos dessa estratégia será a participação da Music Kolor na Namm, feira mundial do setor de instrumentos musicais, nos Estados Unidos, ainda este mês.

Entre os projetos marcantes da companhia, Carvalho cita o reparo de uma série especial da Gibson e a pintura da guitarra presenteada por um fã para Eddie Vedder, o vocalista da banda norte-americana Pearl Jam. O artista usou o instrumento no show que o grupo realizou em novembro, em São Paulo.

Cuidados

Trabalhar com o instrumento de trabalho ou o objeto de desejo do cliente exige alguns cuidados especiais, de acordo com Romano. Por isso, quando um instrumento chega à Music Kolor, ele é armazenado em um ambiente especial, com controle de umidade e temperatura.

Além disso, o consumidor pode acompanhar cada etapa da reforma por meio de fotos enviadas pela equipe da empresa. A Music Kolor vai lançar ainda em janeiro um novo site que permitirá aos interessados no serviço testar virtualmente a customização de guitarras a partir de modelos predefinidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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