O presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, afirmou nesta terça-feira, 19, que a entidade trabalha com um cenário de queda de 5% nas vendas de aços planos pela rede de distribuição em 2016 em relação ao resultado de 2015, quando as vendas totalizaram 3,168 milhões de toneladas.
Em coletiva de imprensa, o executivo destacou que o resultado das vendas de aços planos em 2015 já foi bastante ruim, representando o pior desempenho para as vendas desde 2006, quando foram vendidas 2,8 milhões de toneladas de aços planos.
Loureiro ainda afirmou que a perspectiva de queda de 5% nas vendas em 2016 ante 2015 leva em conta um cenário otimista. “Esperamos uma certa recuperação no segundo semestre do ano. O primeiro semestre de 2016 deve ser muito negativo, a base de comparação é muito desfavorável”, disse o presidente da Inda. “Os 5% de queda levam em conta a perspectiva de reação das exportações da indústria de transformação de aço, não da recuperação do mercado interno.”
Janeiro
Segundo Loureiro, janeiro de 2016 já deve começar a mostrar um resultado bastante negativo em comparação com o mesmo mês do ano passado. A Inda trabalha com a perspectiva de queda de 32% nas vendas de aços planos na base anual, totalizando 211,9 mil toneladas – em relação a dezembro de 2015, a perspectiva é de alta de 12% nas vendas.
O presidente da entidade ainda destacou que a perda de força nas importações seja fruto da fraqueza na atividade interna em conjunto com o câmbio mais desfavorável – as importações de aço plano em dezembro registraram queda de 57,9% em relação a igual período do ano passado, para 49,9 mil toneladas.
“A situação hoje é de crédito internacional muito ruim. Nas importações, o crédito das agências ao Brasil é praticamente zero”, disse Loureiro. “Para abrir uma carteira de crédito hoje está muito caro, importar fica muito difícil.”
China
Para Loureiro, os resultados fracos divulgados pelas usinas chinesas no terceiro trimestre de 2015 e a perspectiva de continuidade da fraqueza no quarto trimestre deve fazer com que os preços internacionais do aço apresentem uma tendência de alta.
“O resultado de dezembro das usinas chinesas também deve ser ruim. Isso obriga os chineses a diminuir a produção e a levantar o preço. O preço internacional deve reagir”, comentou Loureiro, durante entrevista com a imprensa.
Segundo o executivo, esse aumento nos preços internacionais deve fazer com que as usinas brasileiras sejam estimuladas a também subirem os preços praticados atualmente – o presidente da Inda avalia que os valores atuais são baixos.
“Um reajuste de 10% nos preços do aço é viável. As usinas não estão conseguindo implantar por brigas entre elas mesmas, por não quererem perder market share”, disse Loureiro. “As usinas podem fazer um aumento de preços. O mercado está difícil, mas o consumo de aço não está tão sujeito ao preço.”
Usiminas e CSN
Loureiro afirmou que a atual situação da Usiminas é “mais dramática” que a da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). “Se olharmos o balanço da Usiminas, ela tem um volume muito alto de financiamentos aqui e lá fora com vencimento nesse ano. Ela deve ter uma grande dificuldade para refazer esses financiamentos e, se o fizer, será com taxas muito mais altas”, disse o executivo, durante coletiva de imprensa.
Segundo Loureiro, a prioridade da Usiminas no momento deve ser a diminuição da queima de caixa. “Por isso ela está desligando a unidade em Cubatão”.
A Usiminas, que já desligou fornos como resposta à crise do setor, começou a desligar também suas coquerias na sua unidade em Cubatão, baixada Santista. No fim deste mês, a siderúrgica mineira paralisará, temporariamente, a produção primária da usina, o que deve provocar uma demissão de cerca de quatro mil pessoas entre funcionários diretos e indiretos.
Para o presidente da Inda, as atividades na unidade de Cubatão da Usiminas só devem ser retomadas quando for constatada uma recuperação significativa do mercado interno. “Minha opinião pessoal é de que isso deve levar ao menos três anos”.
Em relação à CSN, Loureiro afirmou que a companhia ainda apresenta uma posição de caixa elevada, o que dá mais tranquilidade à empresa. Quanto à paralisação, pela CSN, do alto-forno 2 em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, o executivo afirmou que a parada se deve a uma reforma nas instalações, mas que as atividades só devem ser retomadas quando houver mercado.
Quanto à decisão preliminar do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, afirmando que pode taxar em 7,42% laminados a quente exportados pela CSN e pela Usiminas para o país, Loureiro afirmou que é difícil que esse tipo de decisão seja revertido. “Atrapalha, mas não muito. Hoje, só exportamos para os EUA o zincado. Mas é uma dificuldade a mais.”