O movimento de busca por ativos mais arriscados no exterior, desencadeado no Japão, e a disputa pela ptax de fim de mês no Brasil justificaram nesta sexta-feira, 29, a baixa do dólar ante o real. A moeda americana chegou a oscilar abaixo dos R$ 4,00 no período da tarde, quando a Bovespa disparava, mas depois recuperou um pouco do fôlego. Ainda assim, encerrou em baixa de 1,50%, aos R$ 4,0212. Em janeiro, o dólar acumulou ganhos de 1,54%. No mercado futuro, que encerra apenas às 18 horas, o dólar para março cedia 1,50%, aos R$ 4,0420.
O fato de hoje ser o último dia útil do mês, quando é determinada a ptax para liquidação dos derivativos cambiais de fevereiro, fazia comprados e vendidos disputarem taxa desde o início da sessão. Tanto que o dólar abriu em leve queda para, na sequência, saltar para o positivo sem que, no exterior, houvesse volatilidade semelhante. A divisa à vista marcou a máxima de R$ 4,0919 (+0,23%), às 9h33, para depois voltar a cair. Nos momentos de tomada da ptax (perto das 10h00, 11h00, 12h00 e 13h00), operadores notaram uma intensificação dos esforços dos vendidos para trazer o dólar para abaixo.
No exterior, o ambiente também favorecia cotações menores para o dólar. Isso porque o Banco do Japão (BoJ, o banco central japonês) cortou uma de suas taxas de juros de +0,1% para -0,1%. Este estímulo à economia fez investidores comprarem ações na Ásia, na Europa, nos EUA e também em praças menores, como o Brasil. As cotações do petróleo foram para cima e o dólar sustentou perdas ante várias divisas de países exportadores de commodities, como o real.
Determinada a ptax (R$ 4,0428, -1,00% no dia e +3,53% no mês), a influência técnica foi dissipada, mas o exterior continuou fomentando a busca por ativos de risco, em detrimento do dólar. Perto das 16 horas, quando a Bovespa registrava ganhos superiores a 4%, o dólar à vista marcou a mínima de R$ 3,9972 (-2,09%). Da máxima vista mais cedo para esta mínima, a oscilação foi de -2,31%, o que indica forte volatilidade.
Com a moeda próxima de R$ 4,00, houve certo movimento de recompra. Para muitos players, neste patamar o dólar pode ser considerado barato, ainda mais num ambiente político-econômico ainda turbulento no Brasil. Para eles, a reaproximação das cotações dos R$ 4,00 não significa uma melhora do cenário. Com a volta do Congresso e do Judiciário aos trabalhos na semana que vem, além dos desdobramentos da Operação Lava Jato, o mercado financeiro enxerga um dólar mais alto no curtíssimo prazo.
Na reta final, a Bovespa subia 4,02% no fim da tarde, aos 40.185,97 pontos. Na renda fixa, as taxas dos contratos futuros de juros de longo prazo caíam, em função do recuo do dólar e do maior apetite por risco em todo o mundo.