O vice-presidente financeiro e de Relações com Investidores da Gol, Edmar Lopes, afirmou nesta segunda-feira, 1º de fevereiro, que os impactos do petróleo mais barato nos mercados internacionais devem ser sentidos pela companhia apenas no primeiro trimestre de 2016, em função dos critérios da fórmula de precificação do querosene de aviação (QAV) no Brasil, com um intervalo médio de 45 dias para o repasse dos valores atualizados do petróleo.
“No quarto trimestre de 2015, ainda verificamos um patamar elevado para o QAV, entre R$ 2,25 e R$ 2,29 por litro. O benefício do petróleo mais barato só vai ocorrer no primeiro trimestre de 2016, mais notadamente em março”, disse Lopes, durante teleconferência com analistas e investidores.
A Gol divulgou nesta segunda, antes da abertura dos mercados, os resultados de tráfego de dezembro de 2015, bem como os números consolidados no quarto trimestre e no acumulado do ano passado. A faixa do QAV entre outubro e dezembro de 2015, entre R$ 2,25 e R$ 2,29 por litro, é cerca de 6% inferior ao nível registrado no mesmo período de 2014, quando o QAV estava na faixa de R$ 2,43 por litro.
“Ao mesmo tempo EM que tivemos uma baixa importante no preço do petróleo, também vimos uma desvalorização relevante do real ante o dólar”, disse o executivo. “Com essa combinação, vemos patamares até 10% mais baixos para o QAV, começando em março”.
Câmbio
O vice-presidente financeiro e de Relações com Investidores da Gol também ressaltou, durante a teleconferência, que a desvalorização do real ante o dólar e outras moedas internacionais pode incentivar os passageiros de viagens a lazer a refazerem seus planos, trocando viagens internacionais por destinos dentro do País.
“De modo geral, o segmento corporativo ainda está fraco, reflexo das condições desfavoráveis vistas em 2015”, disse Lopes. “O segmento de lazer é sensível ao preço, mas temos a hipótese de que pode haver uma mudança, com os passageiros optando por trocar destinos internacionais, longos, para viajar na região ou dentro do Brasil”.
A Gol registrou queda tanto na demanda quanto na oferta de voos no mercado doméstico no mês de dezembro e no comparativo do quarto trimestre. A demanda interna caiu 6% no mês de dezembro e 8% no trimestre – no acumulado do ano, a demanda cresceu 1%, com a taxa de ocupação em 78%.
Por sua vez, a oferta doméstica caiu 3% em dezembro e 4% na relação do quarto trimestre de 2015 ante o mesmo período de 2014. No acumulado de 2015, a oferta doméstica ficou estável. O indicador de tarifa, yield, apresentou aumento de 6,8% sobre o quarto trimestre de 2014 e 11,7% em relação ao terceiro trimestre de 2015.
Zika vírus
Um ponto levantado tanto por analistas nacionais quanto internacionais foi o possível impacto das recomendações emitidas por órgãos de saúde norte-americanos, aconselhando passageiras grávidas a não viajarem para o Brasil em função das ocorrências ligadas ao zika vírus. Para Lopes, no entanto, ainda é cedo para qualquer tipo de estimativa. “Outras ocorrências semelhantes, como surtos de Ebola ou de dengue, não trouxeram impactos no segmento doméstico das aéreas.”