O aumento de capital social do Bradesco no valor de R$ 8 bilhões, anunciado na noite de quarta-feira, 3, visa a cumprir a exigência na Lei das SAs, que determina que as reservas de lucros não podem exceder o capital social de uma companhia. Com a contabilização do balanço de 2015, as reservas ficaram maiores e, conforme artigo 199, foi necessária fazer a migração dos recursos.
A transação não inclui, porém, movimentação financeira. Dessa forma, não há impacto no patrimônio líquido e, consequentemente, a operação não tem reflexos no índice de Basileia do Bradesco. A aquisição do HSBC feita pelo Bradesco no ano passado levantou entre os analistas preocupações quanto a esse índice, que mede quanto a instituição pode emprestar sem comprometer o seu capital.
Após aprovação em assembleia, a ser realizada em 10 de março, o capital social do banco passará de R$ 43,1 bilhões para R$ 51,1 bilhões via bonificação de ações mediante a capitalização de parte do saldo da conta reservas de lucros. Serão emitidas 504.872.885 novas ações nominativas-escriturais, sem valor nominal, sendo 252.436.456 ordinárias e 252.436.429 preferenciais.
Esses papéis serão doados aos acionistas na proporção de uma nova ação para cada dez ações da mesma espécie de que forem titulares na data-base. Assim, os acionistas poderão elevar o dividendo mensal a receber em 10%, lembra uma fonte.
Na quarta, atribuindo a decisão à volatilidade do mercado, o Bradesco cancelou o aumento de capital de R$ 3 bilhões, via emissão de novas ações, já aprovado no ano passado. Fontes de mercado alegam que a decisão foi motivada pelo risco de diluição dos acionistas no preço atual das ações e não foi bem-recebida, uma vez que mudou as regras no meio do jogo.
Muitos investidores estavam vendidos no papel e comprados no direito de subscrição. Por isso, o movimento de short squeeze (movimento repentino de forte alta) na quarta, lembra um analista, criticando o cancelamento do aumento de capital.
