No dia 19 de abril foi celebrado o Dia Da Diversidade dos Povos Indígenas. A data foi escolhida em referência ao Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, que ocorreu em 19 de abril de 1940, no México, e tinha como meta reunir lideranças indígenas de diversos locais do continente americano, para debater propostas de garantias de direitos destes povos em suas próprias terras, colonizadas por povos europeus. No Brasil, a data foi oficializada através do Decreto – Lei n° 5.540, de 2 de junho de 1943. Porém, para além do calendário oficial, a garantia de direitos dos povos indígenas do Brasil tem avançado a ritmo lento. Há muita resistência para demarcação de terras para as aldeias, e não há respeito àquelas já demarcadas, que constantemente são alvos de invasões para extração de recursos como madeira e minérios.
As terras indígenas são de extrema importância para a manutenção da herança cultural nativa do país, além de serem verdadeiros santuários naturais, que preservam a biodiversidade local. Com o crescente número dos índices de desmatamento no Brasil, há uma necessidade ainda maior e mais urgente de garantir aos povos nativos o direito à sua terra, e de proteger essas terras de invasões e intervenções, como forma de garantir à própria biodiversidade o direito à vida.
Nas áreas urbanas, como é o caso da cidade de Guarulhos, muitas aldeias foram integradas às cidades. Diante desse cenário, como garantir meios de vida saudáveis, dignos e sustentáveis? Quais espaços urbanos dão conta de suprir essas necessidades? Como a biodiversidade se enquadra nessa realidade?
Essas e outras questões serão abordadas no bate-papo ao vivo Povos indígenas locais e biodiversidade brasileira: Um olhar sobre Guarulhos, que o Sesc Guarulhos promove. A atividade faz parte do projeto Abril Indígena, uma iniciativa do Sesc São Paulo, que tem como proposta reafirmar a necessidade da construção de uma sociedade cada vez mais consciente de sua heterogeneidade.
Povos indígenas locais e biodiversidade brasileira: Um olhar sobre Guarulhos
A cidade de Guarulhos foi berço de diversas aldeias e tribos indígenas. Com a expansão da colonização e crescimento da cidade, parte dessa população migrou para outros locais, fugindo da escravidão imposta pelos colonos, outros sucumbiram a doenças disseminadas pelos europeus, e outros, através da miscigenação, viram sua cultura enfraquecer e se extinguir. De acordo com dados do IBGE, de 2010, hoje a população indígena da cidade é estimada em cerca de 1.434 indivíduos. Em uma grande metrópole na região da Grande São Paulo é um desafio prover áreas para demarcação de terras para construção de aldeias e conservação da biodiversidade. Para falar sobre os desafios enfrentados pela população indígena local na luta pela garantia de seus direitos, o Sesc Guarulhos convidou o líder Tupinambá e representante da Aldeia Multiétnica Filhos Dessa Terra, Gilberto Silva dos Santos, e o professor universitário e mestre em história, Maurício Pinheiro. No bate-papo, mediado pelo agente de educação ambiental do Sesc Guarulhos, Thiago Marchini, eles falam sobre a história da população indígena local, da implantação da primeira aldeia da cidade, e da luta para que o poder público tenha um olhar mais cuidadoso para essa população e suas necessidades.
Gilberto Silva dos Santos é líder indígena da etnia Tupinambá e representante da Aldeia Multiétnica Filhos Dessa Terra, de Guarulhos, que abriga as etnias Kaimbé, Pankararu, Pankararé, Pataxó, Tupi e Wassu Cocal.
Nasceu e cresceu na Aldeia Bananal em Peruíbe. Em 2002 veio para Guarulhos lutar pelos direitos indígenas em contexto urbano. Em 2009 criou a Associação Arte Nativa Indígena, que luta pela garantia de direitos, principalmente pela Saúde. Em 2017 participou da retomada e criação da Aldeia Multiétnica Filhos Desta Terra, onde mora até hoje. Realiza trabalhos de conscientização, importância e resgate da cultura indígena.
Mauricio Pinheiro é Professor Universitário, Mestre em História e Sociedade pela Unesp e Fotógrafo. Autor do livro: Santuário de Nossa Senhora do Bonsucesso: Uma longa tradição Profana. Participou do Grupo de Trabalho para Políticas Públicas para o Povos Indígenas de Guarulhos e atuou na organização dos Encontros dos Povos Indígenas do Estado de São Paulo. Organizou em conjunto com os Tupinambás de Olivença/Ilhéus (BA), o Seminário Internacional Índio Marcelino como instrumento de luta e aproximação de aliados para a efetivação da Demarcação do Território Indígena Tupinambá.
Como fotógrafo, fez os registros das várias atividades realizadas tanto pelos indígenas que vivem em Guarulhos, como dos Tupinambás, em Memória aos Mártires do Massacre do Rio Cururupe. Recentemente realizou no Memorial da Resistência a Exposição Ser essa Terra: São Paulo, cidade indígena.
Thiago Marchini é bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo, onde cursa atualmente a Licenciatura. Atua como educador e técnico de referência do Centro de Educação Ambiental no Sesc Guarulhos, desenvolvendo atividades na área de educação em ciências e educação para a sustentabilidade. Possui experiência na área de ensino de ciências, com foco em educação ambiental e educação não-formal.
Povos indígenas locais e biodiversidade brasileira: Um olhar sobre Guarulhos
Abril Indígena. Com Gilberto Silva dos Santos e Maurício Pinheiro. Mediação: Thiago Marchini.
Dia 30 de abril, sexta, às 18h
Transmissão ao vivo pelo YouTube, com tradução em Libras.
SESC GUARULHOS
Endereço: Rua Guilherme Lino dos Santos, nº 1.200, Jardim Flor do Campo, Guarulhos – SP
Telefone: (11) 2475-5550
No dia 27 de abril, em atendimento às normas estabelecidas pelo Plano São Paulo para enfrentamento à pandemia do Coronavírus, o Sesc São Paulo iniciou a retomada de algumas atividades presenciais em suas unidades. Os serviços da Central de Atendimento, Biblioteca, Odontologia e cursos físico esportivos retornaram, mediante agendamento prévio e com capacidade reduzida.
Os demais espaços e serviços continuam temporariamente inativos.
*De acordo com o Decreto Municipal 37.178, Artigo 4, Item XII, de 03 de setembro de 2020. “Por não se tratar de atividades essenciais e visando garantir a integridade física e a saúde das mesmas, fica proibida a presença de pessoas pertencentes ao grupo de risco ou com mais de 60 (sessenta) anos.”