O dólar teve novo dia de forte queda ante o real, fechando pela primeira vez abaixo de R$ 5,20 desde o pregão de 31 de julho. O cenário externo positivo foi o principal fator a contribuir para a queda, com os participantes do mercado mais otimistas com a possibilidade de aprovação de um pacote de estímulo fiscal em Washington. A moeda americana registrou mínimas em anos ante divisas como franco suíço, euro e dólar canadense e caiu de forma generalizada nos emergentes.
A expectativa pelo pacote fiscal americano provocou nova rodada de fluxo para os mercados emergentes, com Brasil incluído, e levou os investidores a seguirem reduzindo apostas contra o real no mercado futuro e de derivativos. A moeda brasileira foi a com melhor desempenho internacional hoje, considerando uma cesta de 34 divisas mais líquidas. Na mínima do dia, o dólar caiu a R$ 5,12. No fechamento, a moeda no balcão terminou em queda de 1,94%, cotada em R$ 5,1401, o menor valor desde 22 de julho, quando terminou em R$ 5,11.
No mercado futuro, o dólar para janeiro desacelerou o ritmo de queda no final da tarde, com a notícia de que a Pfizer pretende reduzir pela metade os envios de doses da vacina em relação ao que tinha inicialmente planejado. O contrato fechou em baixa de 1,27%, a R$ 5,1530, com giro de negócios de quase US$ 18 bilhões.
O sócio da Armor Capital, Alfredo Menezes, destaca que tem entrado fluxo no Brasil, com o País, que estava com preços mais descontados, acompanhando a onda que tem beneficiado os demais emergentes. Mas pelas conversas que ele tem tido com gestores, é basicamente um dinheiro de curto prazo. "Para entrar real money é preciso das reformas andando", afirma ele, ressaltando que tem preocupado as quedas mensais no Investimento Externo Direto, que é de mais longo prazo, com fluxos caindo pela metade.
Na visão de um diretor de tesouraria, o ambiente favorável aos emergentes encontrou o Brasil com um ambiente político menos ruidoso e ainda apresentando indicadores da atividade melhor que seus pares. O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre teve avanço de 7,7%, menos que o esperado, mas deve garantir que a economia brasileira encolha na casa dos 4% este ano, melhor que outros países da América Latina, com contrações previstas de 8% a 10%, destaca a consultoria inglesa Capital Economics.
"Outro dia, mais um dia de baixa em 2020 para o dólar", destaca o analista de mercados do banco Western Union, Joe Manimbo. Ele ressalta que a moeda americana testou as mínimas em dois anos e meio ante o euro, o dólar australiano, o dólar da Nova Zelândia e o canadense. Ante o franco suíço, caiu para as mínimas desde o começo de 2015. Nos emergentes, o peso mexicano foi as máximas perante o dólar desde março. A possibilidade de vacinação da população mundial antes que o mercado esperava e o renovado otimismo com o pacote fiscal americano alimentaram a busca por ativos de risco, ressalta ele.