O dólar fechou em queda nesta quarta-feira, 8, a primeira de 2020, após quatro dias seguidos de valorização. O discurso um pouco mais ameno do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à tensão no Oriente Médio, fez a moeda americana mudar de curso ao longo do dia. A divisa subiu pela manhã, chegando a R$ 4,07, mas após as declarações do republicano, passou a cair. No segmento à vista, o dólar fechou em queda de 0,31%, a R$ 4,0518. No mercado futuro, o contrato para fevereiro terminou com leve perda de 0,09%, a R$ 4,0070, em meio a relatos da imprensa internacional no início da noite de novos ataques no Iraque, mas sem vítimas.
Desde que o Irã atacou duas bases americanas no Iraque na noite de ontem havia grande expectativa pela resposta americana, o que levou o dólar a se fortalecer no mercado internacional desde os primeiros negócios do dia. Trump usou as redes sociais mais cedo para dizer que "até aqui, tudo bem", mas havia grande expectativa sobre seu discurso, que começou pouco depois das 13 horas. A Casa Branca colocou novas sanções contra o Irã, mas o presidente disse que os EUA querem paz.
"Muito da serenidade do mercado de moedas hoje se deveu aos dois lados sinalizarem que não querem escalada adicional", observa o analista de investimento da XM Investment, Marios Hadjikyriacos. O dólar subiu ante divisas fortes, mas caiu nos mercados emergentes, alguns em ritmo forte, como na Rússia (-1,21%), Turquia (-1,11%) e África do Sul (-0,88%).
Para o diretor da Via Brasil Serviços Empresariais, Durval Corrêa, o pronunciamento de Trump mostrou o presidente mais "light", o que ajudou a reduzir a tensão do mercado de que a situação pudesse piorar no Oriente Médio. "Os ataques tinham deixado o mercado apreensivo", ressalta ele. Com isso, Corrêa vê o dólar com tendência de cair mais um pouco, compatível com o fluxo de capital externo que se espera para o Brasil este ano após os fracos números de 2019.
Os dados do Banco Central do fluxo cambial divulgados hoje mostram saída de US$ 44,7 bilhões em 2019, a maior da história. Pelo canal financeiro, saíram US$ 62,2 bilhões do Brasil no ano passado. Na semana do dia 30 de dezembro até o dia 3 deixaram o país US$ 2 bilhões pelo canal financeiro em valores líquidos, mas a B3 tem reportado entrada de capital externo em alguns dias. Em três pregões até o dia 6, o saldo de janeiro está positivo em R$ 257,8 milhões.
Além de dinheiro para o capital financeiro, deve entrar recursos para investimentos produtivos. Hoje, em leilão de concessão na B3 da rodovia Piracicaba-Panorama (chamado de PiPa), um dos compradores foi o fundo soberano GIC, de Cingapura, em consórcio liderado pela gestora Pátria. A proposta vencedora foi de R$ 1,1 bilhão. Além disso, várias empresas preparam aberturas de capital, como as seguradoras da Caixa, ou vendas subsequentes de ações.