Enquanto espera Trump, Ibovespa avança mas desempenho é limitado por petróleo

A expectativa de que a ação com mísseis pelo Irã a bases americanas ontem em território iraquiano não deve abrir precedente para novos ataques diminui o temor de espalhamento e de avanço da tensão geopolítica no Oriente Médio. Após cederem, tanto os índices futuros de Nova York e as bolsas europeias tentam recuperação. Neste sentido e com uma agenda fraca internamente, o Ibovespa também pegou carona e iniciou o pregão com ganhos.

Instantes depois da abertura, o Ibovespa acentuou a velocidade de elevação, retomando os 117 mil pontos. Entretanto, as ações da Petrobras limitam os ganhos, em decorrência da queda do petróleo no mercado externo.

Perto das 10h40, os papéis da Petrobras tentam manter-se em alta, que é limitada pelo recuo do petróleo no exterior entre 1,45% (Nova York) e 0,81% (Londres). Petrobras PN cedia 0,07% e ON, 0,21%. Já o Ibovespa avançava 0,47%, aos 117.213,32 pontos, após máxima aos 117.334,82 pontos. Na mínima, atingiu 116.667,32 pontos.

A valorização na B3 supera o desempenho dos índices futuros de Nova York (entre 0,02% e 0,28%), que aceleraram assim que foi informado que o setor privado do país criou 202 mil empregos em dezembro, segundo pesquisa divulgada pela ADP. O resultado acima das expectativas, de criação de 150 mil postos. O dado de novembro foi revisado de 67 mil para 124 mil.

"O que parecia ser uma catástrofe, já não está se confirmando mais. Parece que o ataque foi de magnitude pequena, e a expectativa é que o presidente dos EUA Donald Trump não vá retaliar", observa um analista. Depois do ataque, o petróleo chegou a avançar mais de 4% no mercado internacional e já diminuiu a valorização para a faixa entre 0,30% (NY) e 0,70% (Londres).

O ataque iraniano ocorreu após um bombardeio dos EUA matar o principal líder militar do Irã, o general Qassim Suleimani, no fim da semana passada. Depois da ação, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que estava "tudo bem", enquanto o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, afirmou que o país não busca uma escalada nas tensões ou guerra, mas se defenderá "de qualquer agressão." Agora, os investidores aguardam o pronunciamento de Trump a respeito do assunto ainda esta manhã.

Apesar de as bolsas externas operarem com viés de alta, a situação exige cautela e os investidores ficarão à espera dos próximos passos dos envolvidos nessa tensão geopolítica. Nesta manhã, a atenção ficará concentrada no pronunciamento que o presidente dos EUA, Donald Trump, deve fazer sobre o assunto. "Como parece que não houve mortos e foi um ataque relativamente pequeno, sinalizando que não haverá retaliação, então a Bolsa tem espaço para alta", observa a fonte.

A escalada de tensão geopolítica e os últimos dados de inflação indicam manutenção do juro básico (4,50%), observa o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, em nota. "Estes indicadores sugerem junto com os recentes ruídos vindos do exterior que o espaço para cortes adicionais na Selic parece estar limitado e jogam pressão sobre o Planalto para que tente amenizar os eventuais impactos do conflito no Oriente Médio no preço da gasolina", avalia.

Hoje, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que subiu 1,74% em dezembro (de 0,85%), fechando 2019 em 7,60% (de 7,10% em 2018). O resultado, cita a nota da Necton, fez o IGP-DI ter a maior variação anual desde 2015 "quando o choque da alta de energia elétrica desorganizou todos os preços e fez o índice geral subir 10,70%."

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