Com o governo de Jair Bolsonaro alinhado à figura de Donald Trump, uma vitória de Joe Biden pode prejudicar a inserção internacional do Brasil, disseram analistas ouvidos pelo <b>Estadão</b>.
Para o pesquisador Roberto Menezes, da Universidade de Brasília, caso a vitória democrata se confirme, "o governo brasileiro teria de fazer um esforço dobrado para conseguir menos coisas e tendo que ceder ainda mais". Hoje, os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.
Menezes relembra acenos que Bolsonaro fez à gestão Trump, como quando o presidente anunciou a possibilidade de ceder espaço para instalação de uma base militar americana no Brasil. "Essa posição de se alinhar a Trump debilitou muito o Brasil. O País não é visto por seus vizinhos como um interlocutor que vale a pena", sustenta. "Nesse sentido, poderia se falar em isolamento".
Professora de relações internacionais da ESPM, Denilde Holzhacker aponta também que a posição do governo brasileiro de antagonizar com lideranças regionais faz com que o Brasil perca ainda mais espaço. "É uma situação que o Brasil, se não flexibilizar sua visão e estabelecer canais de diálogo, vai ficar isolado tanto no âmbito europeu quanto na América Latina."
O diplomata Rubens Ricupero, que foi embaixador em Washington, segue a mesma linha. "A visão do Brasil do mundo é muito alinhada à extrema direita americana. Se essa extrema direita perder o poder, vai sobrar muito pouco no mundo em termos de países semelhantes à visão que (o chanceler) Ernesto Araújo tem." Para ele, "o Brasil vai ficar extremamente isolado em sua visão de mundo".
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>