O Ministério Público de São Paulo abriu uma nova frente de investigação para apurar mais denúncias de crimes sexuais envolvendo o terapeuta Tadashi Kadomoto, conhecido como "guru da meditação". A Promotoria volta a se debruçar sobre o caso agora que outras quatro ex-pacientes e ex-alunas prestaram depoimentos relatando abusos durante treinamentos e sessões de terapia individuais.
Kadomoto, que já havia sido acusado por outras três mulheres, virou réu por estupro de vulnerável e lesão corporal grave em um processo criminal aberto na Justiça de São Paulo no último dia 11. As novas vítimas resolveram procurar as autoridades após a divulgação das denúncias pela imprensa.
Nesta nova investigação, o Ministério Público de São Paulo apura também os crimes de violação sexual mediante fraude e associação criminosa. Isso porque, segundo a Promotoria, a equipe do terapeuta acompanhava os tratamentos e cursos promovidos pelo guru. Os promotores querem ouvir os profissionais.
"Diante das condutas relatadas pelas vítimas, de início, é feito um enquadramento dos crimes apurados, para começar as investigações, o qual pode ser modificado no seu curso", explica o criminalista Luiz Flávio Borges DUrso, que é assistente da acusação e advogado da primeira vítima a denunciar o terapeuta, no fim do ano passado. A ex-paciente de Kadomoto relatou que procurou a clínica do terapeuta para tratar anorexia e que teria sido vítima de abusos sexuais durante sete anos.
Para DUrso, o surgimento de novas vítimas reforça a acusação feita pelo Ministério Público paulista contra o terapeuta no primeiro processo. "O que se identifica, segundo os relatos de todas estas vítimas, é um padrão de comportamento na abordagem que sofreram do terapeuta, que objetivava seu intento sexual", afirma.
Conhecido nas redes sociais por suas lives, Kadomoto atrai milhares de usuários para sessões de meditação transmitidas ao vivo. Ele atua há cerca de 30 anos fazendo terapia transpessoal, que usa técnicas de hipnose, meditação, regressão e relaxamento. Após a repercussão do caso, o guru gravou um vídeo em que nega ter cometido os crimes.
"Quem me conhece e convive comigo sabe da minha conduta e do respeito que eu tenho pelo cuidado com as pessoas. Tenho falhas, cometo erros como todo ser humano, mas jamais cometi atos criminosos. Tenho fé que tudo será esclarecido e até lá vou me afastar das minhas atividades. Ao longo da história já vimos muitas reputações e famílias destruídas por acusações que depois se mostraram injustas, por isso estou à disposição das autoridades para os esclarecimentos necessários", disse Kadomoto na gravação.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO ALEXANDRE WUNDERLICH, QUE DEFENDE TADASHI KADOMOTO
<i>"O sr. Tadashi Kadomoto reafirma sua indignação com as acusações envolvendo sua conduta profissional e confia na Justiça.
No caso judicial em que a defesa já teve acesso, é notório que, da própria narrativa da denúncia, se extrai que não há crime – o que ficará claro com as provas que serão anexadas ao processo.
Nesse sentido, destaca-se que o pedido de prisão do sr. Tadashi foi negado pela Juíza responsável pelo caso (Processo 0028898.72.2020.8.26.0050, 16a Vara Criminal de SP, Juíza a MANOELA ASSEF DA SILVA, a Magistrada também decretou o sigilo dos autos para preservar a vítima e o acusado – decisão judicial de 29 de outubro de 2020 – o que impede a defesa de apresentar as provas publicamente).
Foi igualmente negado o pedido ao Tribunal de Justiça de São Paulo para que houvesse a reforma da decisão (Processo 2242249-50.2020.8.26.0000, Desembargador, LAERTE MARRONE, 14a Câmara de Direito Criminal do TJ/SP).
Por decisão pessoal, o sr. Tadashi está afastado de suas atividades, focado em organizar a sua defesa, para que essa situação seja esclarecida o mais rapidamente possível.
Em mais de 30 anos de atuação, o sr. Tadashi jamais teve qualquer questionamento sobre sua conduta profissional e, convicto de sua inocência, agradece às manifestações de apoio que vem recebendo de todos os que o conhecem e confiam no seu trabalho."</i>