Apesar de retomada em NY, Ibovespa fecha em baixa pela 4ª sessão seguida

Em dia de recuperação em Nova York, com os três índices em terreno marcadamente positivo após a distensão da retórica de guerra dos Estados Unidos ao Irã, o Ibovespa chegou a neutralizar perdas no início da tarde, sem conseguir chegar a sinal positivo no fechamento desta quarta-feira, 8, estendendo assim a realização de lucros pela quarta sessão.

O principal índice da B3 encerrou em baixa de 0,36%, a 116.247,03 pontos, tendo cedido da marca de 116 mil na mínima do dia, aos 115.693,02 pontos. Na máxima, o Ibovespa foi aos 117.334,82 pontos. Mais uma vez, o giro financeiro foi elevado, na casa de R$ 24,3 bilhões. Na semana, o índice perde 1,24%, mas acumula ganho de 0,52% neste início de mês, concentrado na primeira sessão do ano, dia 2, quando o Ibovespa fechou pela primeira vez acima dos 118 mil pontos.

Por volta das 18h, contudo, os ganhos em Wall Street eram limitados à casa de 0,5% a 0,7%, em razão do relato de que a Zona Verde de Bagdá, região mais protegida da cidade, onde estão concentradas as representações estrangeiras, foi atingida por vários mísseis, segundo informou a Sky News Arabia.

No início da tarde, o presidente dos EUA, Donald Trump, contribuiu para a melhora da confiança dos investidores, ao desinflar a retórica e optar pelo caminho da pressão diplomática, por meio de sanções mais rigorosas ao país. O pronunciamento do líder americano era o evento mais aguardado do dia, após ter dito ontem à noite estar "tudo bem", em sua primeira manifestação sobre o ataque com mísseis efetivado pelo Irã a duas bases militares dos EUA no Iraque. Os incidentes não causaram baixas americanas, o que abriu caminho para que Trump absorvesse o revide sem recorrer a novas iniciativas militares contra o adversário.

"Não haverá guerra, mas sanções, e isso ajuda o mercado a ficar mais racional, menos preocupado com um cenário extremo", diz Pedro Galdi, analista da Mirae, acrescentando que os agentes tendem a se voltar para outras questões da agenda global, como a assinatura da fase 1 do acordo sobre a disputa comercial entre EUA e China, no dia 15, e o grau de implementação do entendimento, especialmente das compras de produtos agrícolas americanos pelos chineses. "A Bolsa brasileira avançou muito em dezembro, então é natural que, considerando essa gordura, haja realização um pouco mais longa por aqui", acrescenta.

Com o enfraquecimento da percepção de risco sobre o Oriente Médio, o petróleo fechou nesta quarta-feira em queda acentuada, após contratos futuros do Brent, a referência global, terem sido negociados acima de US$ 71 por barril na noite anterior, depois dos ataques. A referência americana, o WTI, fechou hoje em queda de 4,93% na Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex), com o vencimento de fevereiro a US$ 59,61 por barril. O Brent para março fechou em baixa de 4,15%, a US$ 65,44 por barril. Por aqui, a ação ON da Petrobras encerrou o pregão em queda de 1,63% e a PN, de 0,62%.

Entre as de desempenho positivo na sessão, a ação da BRF fechou em alta de 3,84%, a da JBS, de 2,45%, e a da Marfrig, de 2,50%, com o desempenho do segmento de proteína animal sendo favorecido pela notícia de que a China, após a febre suína, enfrenta agora a gripe aviária. Em outro desdobramento positivo para os produtores brasileiros, os incêndios florestais na Austrália abrem espaço para o Brasil em mercados da região, especialmente em países do Sudeste Asiático, como Indonésia, tradicionalmente atendidos pelos australianos. "A gravidade da situação na Austrália levará o país a importar gado em pé", diz Galdi.

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