Os juros encerraram perto da estabilidade, com viés de baixa na maioria dos contratos. O segmento de Treasuries, que espalhou aversão ao risco nos ativos na quarta-feira, esteve mais calmo, estancando o movimento de alta nesta quinta-feira, mas insuficiente também para dar grande alívio.
As dúvidas sobre o futuro da política monetária nos EUA no curto prazo seguem presentes e, por aqui, os cenários fiscal e político mantêm certa aversão a posições aplicadas de fôlego na curva local, ainda mais num contexto de inflação para cima.
A CPI da Covid não tem feito preço diretamente, mas está no radar, enquanto a pesquisa Datafolha mostrando que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva lidera as intenções de voto com grande folga não abalou o sentimento do mercado.
A falta de direção firme para as taxas foi, ainda, atribuída à expectativa pelo resultado do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o alcance da decisão que retirou o ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou a sessão regular em 4,88%, de 4,914% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 6,748% para 6,69%. O DI para janeiro de 2025 fechou em 8,24%, de 8,275%, e a do DI para janeiro de 2027 em 8,83%, de 8,864%.
Após a surpresa negativa com a inflação ao consumidor norte-americano na quarta-feira, nesta quinta o dado da inflação no atacado voltou a superar as projeções, mas as reações foram contidas. A taxa da T-note de dez anos rodava na casa de 1,65% nesta tarde, depois de se aproximar na quarta de 1,70%. O dólar esteve majoritariamente em baixa, com altas em alguns momentos, o que colaborou também para ancorar a curva.
Vinicius Alves, estrategista da Tullett Prebon, relata que a abertura foi relativamente tranquila, com o IBC-Br de março fazendo um pouco de preço. "Houve algum impacto no curto indicando risco de a normalização da Selic ter de ser total e não parcial", disse.
O IBC-Br de março caiu 1,59% bem menos do que apontava a mediana das estimativas (-3,30%) e disparou uma série de revisões para cima para o PIB do primeiro trimestre e em 2021.
Mas esse efeito depois se dissipou, com o mercado sem grandes condutores para os negócios no restante da sessão.
Segundo Alves, internamente, mais do que a CPI da Covid, é o julgamento do STF que demanda mais a atenção do mercado, pelo elevado impacto nas contas públicas. Até perto das 17h30, cinco ministros já tinham votado a favor da limitação dos efeitos da decisão de retirar o ICMS da base de cálculo de PIS/Cofins. A posição até agora majoritária é a de que a retirada é retroativa apenas a contribuintes que ingressaram com ações e procedimentos administrativos até 15 de março de 2017, data do julgamento de mérito sobre a questão.