Criticado em junho por ter planejado a reabertura de zoológicos e bares, mas não a de escolas, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, excluiu ontem os estudantes das restrições impostas a partes da Inglaterra em razão do novo avanço da covid-19. Desta vez, os pubs não foram poupados.
As novas diretrizes serão debatidas e votadas hoje no Parlamento e devem entrar em vigor amanhã. Johnson anunciou ainda a liberação de um novo pacote financeiro no valor de 1 bilhão de libras (R$ 7,2 bilhões) para apoiar as áreas mais afetadas pelo avanço da doença.
O sistema adotado ontem pelo governo britânico tem três níveis de alerta – médio, alto e muito alto – e inclui medidas como o fechamento de bares, academias, cassinos e casas de apostas em algumas áreas colocadas no nível de alerta "muito alto". A ideia, segundo o premiê, era simplificar e padronizar as regras.
"Não é assim que queremos viver nossas vidas, mas este é o caminho que temos de trilhar, entre o trauma social e econômico de um bloqueio total e o enorme custo humano e econômico de uma epidemia fora de controle."
Pressionado pelo rápido aumento no número de novos casos, Johnson vem evitando paralisar a economia do país. Ontem, ele afirmou que, no momento, existem mais pessoas hospitalizadas no Reino Unido do que quando o país entrou em lockdown, em março, mas ele descartou a possibilidade de medidas mais extremas. "Eu não acho que devemos ter mais um lockdown completo", afirmou.
De acordo com o primeiro-ministro, o governo busca alcançar o máximo de consenso possível sobre os pontos mais duros das medidas. Por isso, ele trabalhará com as autoridades locais para analisar medidas adicionais que possam ser tomadas. "Isso pode levar a mais restrições nos setores de hospedagem, lazer, entretenimento ou cuidados pessoais. Mas o comércio de varejo, escolas e universidades permanecerão abertos."
Neste momento, as áreas mais afetadas estão no norte da Inglaterra, em cidades como Liverpool – a área mais atingida do país. O modelo anunciado ontem em Londres não afetará Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, que, com competências autônomas em matéria de saúde, definem suas próprias políticas contra covid.
Na área de nível médio, onde se enquadra a maior parte do país, reuniões estão limitadas ao máximo de seis pessoas e os pubs e restaurantes podem ficar abertos até 22 horas. Na região de alerta alto, as pessoas estão proibidas até de se encontrarem em casas de outras famílias. E, no nível máximo, bares e restaurantes serão fechados. Reuniões familiares também estão vetadas.
"Se deixarmos o vírus se espalhar, sofreremos não apenas um número intolerável de mortes de covid-19, mas colocaremos uma grande pressão em nosso NHS (sistema nacional de saúde) com um segundo pico descontrolado", disse Johnson, em pronunciamento. "Nossos médicos e enfermeiras não seriam capazes de se dedicar a outros tratamentos."
Andy Burnham, prefeito de Manchester, que deve permanecer na categoria 2, de alerta alto, disse que ficou satisfeito com o fato de o governo não fechar pubs e bares na região – como deve acontecer em Liverpool. No entanto, ele avisou que, se a cidade chegar ao nível 3 (nível mais alto de alerta), ele pressionaria por uma compensação para empresários e trabalhadores que ficarem sem trabalhar.
A maior parte da Inglaterra (69% da população do país) está no nível de alerta mais baixo. Cerca de 28% dos ingleses entrarão no nível 2, de alerta alto. E apenas 3% – basicamente a região metropolitana de Liverpool – viverão sob as restrições estabelecidas no nível muito alto de alerta. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>