Os juros futuros terminaram a sessão desta sexta-feira em queda na ponta longa, à medida que o mercado assimilou o noticiário fiscal. A confirmação pelo Ministério da Economia de um espaço adicional de R$ 4,8 bilhões no teto de gastos tirou pressão residual das taxas, e fez com que o mercado destoasse do câmbio. O movimento destoou da manhã, quando havia viés de alta. No acumulado da semana, a curva apresentou desinclinação.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passou de 5,000% ontem a 5,005% no ajuste de hoje. O janeiro 2023 foi de 6,758% a 6,75%. O janeiro 2025 recuou de 8,235% a 8,18%. E o janeiro 2027 terminou na mínima a 8,76%, de 8,824%.
O spread entre os contratos de janeiro 2022 e janeiro 2027, considerada uma medida de inclinação da curva, passou de 395 pontos na sexta-feira da semana passada para 375 pontos hoje.
Com noticiário minguado, os agentes do mercado de juros futuros negociaram pela manhã em margens estreitas. A despeito da aceleração do dólar naquela etapa a R$ 5,32 (acabou chegando a R$ 5,35 no encerramento), o viés do DI era de alta leve. A percepção é de que as taxas já estão muito altas e que movimentos mais acentuados para cima ou para baixo depende de drivers mais consistentes.
À tarde, a situação ficou um pouco mais clara. O governo confirmou que há um espaço adicional de R$ 4,8 bilhões no teto de gastos, o que vai ajudar a desafogar ministérios que estão hoje com gastos comprimidos, muitos sob risco de um apagão no segundo semestre do ano.
O espaço foi aberto após a revisão em gastos obrigatórios como seguro-desemprego e subsídios. Ao fim, a revisão veio até acima do que o mercado esperava. Ontem, o Broadcast antecipou que essa reavaliação ficaria em cerca de R$ 4 bilhões.
Outro ponto observado pelo mercado de juros foi a avaliação do governo de que a meta fiscal ajustada do governo central é déficit de R$ 316,050 bilhões. Isso porque o secretário de Orçamento Federal do Ministério da Economia, Ariosto Culau, ponderou que "o resultado está menor do que isso". De acordo com ele, com a melhora da arrecadação, o rombo nas contas deve ser menor que o projetado inicialmente. O déficit projetado pelo governo é de R$ 187,7 bilhões, menor do que a meta de déficit de R$ 247,1 bilhões.