O vice-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Richard Clarida, reconheceu nesta terça-feira que a autoridade monetária pode começar a debater a redução do programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês) em breve. "Poderá haver algum momento nas próximas reuniões em que começaremos a discutir as compras de ativos", disse o dirigente em entrevista ao <i>Yahoo Finance</i>.
Para Clarida, contudo, o momento exato de retirar os estímulos à economia dependerá dos dados que forem divulgados a partir de agora. "Queremos fazer mais progresso substancial no emprego e na estabilidade de preços", afirmou.
O dirigente, que tem direito a voto nas reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), também disse que a nova "função de reação" do Fed, mais baseada em resultados macroeconômicos, está sendo "bem entendida" pelo mercado.
Recentemente, os presidentes das distritais de Dallas, Robert Kaplan, e Filadélfia, Patrick Harker, defenderam o início do debate sobre a redução das compras de ativos, em meio aos temores de escalada da inflação.
A postura dos dirigentes contraria o discurso capitaneado pelo presidente do Fed, Jerome Powell, de que ainda não é hora de se debater esse assunto.
<b>Inflação transitória</b>
O vice-presidente do Federal Reserve afirmou também nesta terça-feira que seu cenário-base indica inflação "transitória" nos Estados Unidos. "Se a pressão inflacionária se provar mais persistente, temos ferramentas para contê-la", declarou o dirigente em entrevista ao <i>Yahoo Finance</i>.
Segundo Clarida, o Fed olhará "cuidadosamente" os dados de inflação nos próximos meses, já que os indicadores estão "especialmente confusos" no momento. No entanto, ele argumentou que a pressão sobre o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) é causada principalmente pela reabertura da economia, após a crise gerada pela pandemia de covid-19.
O dirigente também afirmou que manter as expectativas de inflação ancoradas é "essencial" para a estabilidade de preços.
Na visão de Clarida, a perspectiva para a economia dos EUA é "muito positiva" e o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve crescer mais de 6% este ano, "talvez até 7%".
<b>Criptomoedas</b>
O vice-presidente do Federal Reserve afirmou ainda que, em sua visão, as criptomoedas não substituem o dinheiro. Na entrevista ao <i>Yahoo Finance</i>, ele argumentou que esses ativos não funcionam como reserva de valor ou meio de troca, duas das principais características do dinheiro.
Ao ser questionado sobre os riscos atuais à estabilidade financeira, Clarida disse que todos são "gerenciáveis".