Estadão

Dólar tem dia volátil, mas encosta em R$ 5,00 com otimismo por reformas

Em dia volátil no mercado de câmbio e com baixa liquidez, o dólar chegou novamente a encostar em R$ 5,00 nos negócios da tarde, recuando na mínima do dia a R$ 5,01. Profissionais das mesas de operação contam que investidores aproveitaram o dia de agenda esvaziada aqui e no exterior para fazer ajustes e realização de ganhos, depois que a moeda norte-americana caiu 3,4% na semana passada, com o real registrando o melhor desempenho mundial ante a dívida dos Estados Unidos no mercado internacional. Declarações mostrando avanço das reformas pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ajudaram. Ao mesmo tempo, nova prorrogação do auxílio emergencial e a agenda forte dos próximos dias, que terá novos dados de inflação ao consumidor norte-americano e do Brasil, ajudaram a manter a cautela dos investidores.

No fechamento, o dólar à vista terminou o dia perto da estabilidade (variação positiva de 0,03%), em R$ 5,0369. No mercado futuro, o dólar para julho cedia 0,24% às 17h, a R$ 5,050.

Bancos e consultorias seguem revisando para cima as projeções de crescimento do Brasil este ano. Ao mesmo tempo continuam melhorando as estimativas das contas fiscais, enquanto pioram as da inflação. Nesta segunda-feira, o BTG Pactual elevou a estimativa de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) este ano de 4,3% para 5,3%. A inglesa TS Lombard elevou o PIB para 5% e vê chance de avanço ainda maior, a 5,5%. Já o JPMorgan reduziu a projeção da dívida bruta em relação ao PIB, indicador de solvência de um país, de 86,3% para 84,6% ao final do ano.

Com esse cenário mais positivo para atividade e de redução do risco fiscal, os bancos reduziram também a previsão para o dólar ao final do ano. O BTG cortou de R$ 5,30 para R$ 4,90. O banco destaca que além da melhora fiscal de curto prazo, a expectativa de mais elevação da Selic pelo Banco Central e alta dos preços das commodities também contribuem para um câmbio mais apreciado. Já o Rabobank reduziu a previsão para o dólar ao final do ano de R$ 5,35 para R$ 5,15.

Para o sócio da Panamby Capital, Reinaldo Le Grazie, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, tem havido otimismo com o PIB de 2021, mas há no cenário o risco de uma crise hídrica, por causa da seca, e parte do crescimento deste ano é efeito estatístico, disse nesta tarde em evento da Genial Investimentos. O PIB para 2022, na casa de 1,5% a 2%, segue fraco, destacou ele.

Sobre o câmbio, o ex-diretor do BC comentou que já era para o real ter se valorizado, por conta do efeito positivo da alta dos preços das commodities nas contas externas. Mas em função dos problemas domésticos o real não se valorizou e a "inflação bombou". A moeda brasileira só foi ganhar força em um segundo momento e, no caso da inflação, Le Grazie avalia que o BC pode elevar os juros a 6,5% este ano. Já nos EUA, a inflação ao consumidor poderia bater em 3,5%, mas podendo cair em seguida por causa do mercado de trabalho ainda com muita gente desempregada.

No final da tarde, o <i>Broadcast</i> (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) noticiou que o auxílio emergencial deve ser prorrogado pelo governo por mais dois meses, com crédito extraordinário de R$ 12 bilhões. O dólar mostrou leve aceleração na alta com a notícia.

Mais cedo, o presidente da Câmara mostrou entusiasmo com as reformas e disse que o Senado deve votar na próxima semana ou, no mais tardar, na seguinte, a Medida Provisória que abre caminho para a privatização da Eletrobras. Ele afirmou ainda que quer indicar os relatores de projetos de reforma tributária esta semana e também que a Câmara vai instalar nos próximos dias a reforma administrativa e começar processo da reforma política.

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