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Depois da luta contra a covid-19, Renan vai brigar pelo ouro olímpico no vôlei

A covid-19 derrubou Renan Dal Zotto, técnico da seleção masculina de vôlei, por algumas semanas. Após ser contaminado pelo coronavírus, ele foi hospitalizado e ficou intubado de 19 de abril a 8 de maio, quando acordou do pesadelo. Foram 36 dias de internação. Desde então, cada dia é uma nova conquista em sua recuperação e ele vai dando passos cada vez mais largos para chegar bem nos Jogos de Tóquio-2020.

Entre sessões de fisioterapia, ele vai acompanhando de longe a seleção brasileira, que está sendo comandada por sua comissão técnica na Itália, na disputa da Liga das Nações, e garante que já tem na cabeça sua convocação para a Olimpíada. Ele sabe da força de seus adversários, mas também confia também no potencial do elenco nacional. Para ele, a medalha de ouro seria o melhor presente após sobreviver a uma doença tão perigosa.

<b>Como tem sido esses dias após você ter deixado o hospital?</b>
Há duas semanas estava sofrendo muito, porque perdi muito as funções. Eu saí do hospital na cadeira de rodas e no oxigênio. Mas a cada dia a melhora é incrível. Agora já estou até dirigindo. Claro que ainda sinto que está faltando um pouco, mas minha frequência do coração voltou rápido, o que é bom.

<b>Você perdeu bastante peso?</b>
Quando fui internado estava pesando entre 102 kg a 105 kg, quando saí estava com 80 kg. Foram 25 quilos embora, perdi muita massa muscular. Eu diminuí de tamanho. Fui colocar as roupas e estavam todas enormes, mas tenho feito atividades e a perna começa a ressurgir, os braços, a panturrilha. A cada dia é um estímulo novo, uma vitória.

<b>Como você estava logo que se recuperou?</b>
No início foi muito lento, eu não conseguia segurar o celular na mão. Hoje a minha terapia aqui em casa é lavar a louça, para estimular todos os ângulos de movimentos. É um exercício importante para além da academia. Agora já não preciso mais tomar banho sentado e tenho total independência. Falei para minha esposa que cortamos o cordão umbilical. Essa evolução me traz uma felicidade muito grande.

<b>Em algum momento achou que não conseguiria ir para a Olimpíada?</b>
Logo que acordei eu não pensava em mais nada, só queria ver a minha família. Meus dois filhos, Gianluca e Enzo, e minha esposa, que ficou durante todo esse tempo comigo. Os amigos não podiam entrar no hospital e eu sentia a presença dela. Foi minha mulher que começou a fazer os primeiros movimentos em mim. Depois exigi que sempre tivesse alguém ali. Sempre tinha alguém o tempo todo, até dormindo ali na UTI e depois no quarto. Isso me deu um conforto muito grande.

<b>E o desejo de ir para os Jogos de Tóquio, você mantém?</b>
Hoje é meu grande objetivo, estou correndo atrás. Falo com eles diariamente, a garotada está lá na Liga das Nações, converso com a comissão técnica todos os dias e ajudo de longe a tomar algumas decisões importantes. Eles são muito competentes. Eles retornam para o Brasil no final do mês, quando já estarei próximo de 100%. Vou receber eles em Saquarema para a reta final de preparação.

<b>O que tem feito para se recuperar a tempo?</b>
Estou indo direto na clínica, fazendo um trabalho intensivo, e acredito que estarei numa condição muito boa para poder exercer minha função. Quero poder dar os treinos de forma normal, sem exaustão ou dificuldade. Quero voltar na minha plenitude.

<b>Você tem gostado do desempenho da seleção na Itália?</b>
Acho que está indo muito bem, nós estamos conseguindo fazer um bom revezamento. É uma competição longa, pesada, com os melhores times do mundo e todos estão tendo chances de jogar. Revezamos um pouco o time, mas estamos bem coletivamente, sem depender de um ou outro jogador. Mesmo quando muda o Brasil não está perdendo o padrão de jogo. É um torneio que está servindo de laboratório para tomar a melhor decisão sobre a lista final porque só podemos levar 12 atletas.

<b>Já definiu a lista de convocados?</b>
Eu já tenho na minha cabeça mais ou menos os indicados ali. Claro que essa competição está sendo importante para tirar algumas dúvidas, a gente sempre tem uma ou outra, mas todos estão demonstrando que estão aptos. Infelizmente na Olimpíada só vão 12, gostaria de poder levar 14 jogadores, mas vou ser o mais justo possível.

<b>Como é sua relação com a comissão técnica que está lá?</b>
Gosto de lidar com pessoas e a comissão técnica faz toda diferença. Isso o vôlei veio provando durante os anos, com gente sempre muito competente, experiente e confiável. Muitos dos que estavam com Bernardinho estão comigo hoje. Muitos trabalharam em clube comigo por muitos anos, são pessoas que convivo bastante. É uma comissão técnica bem equilibrada e tenho orgulho de dizer que todos são melhores que eu. E isso é bom porque quero estar do lado dos melhores.

<b>Como você viu esse acerto do Bernardinho para comandar a França no próximo ciclo olímpico?</b>
O Bernardo é um cara que não consegue ficar fora das grandes competições. É uma oportunidade bem legal para ele, de poder dirigir a França, que é uma ótima seleção e vai ficar mais forte ainda com ele.

<b>Mas antes deste possível confronto com seu amigo em Paris tem os Jogos de Tóquio. Qual sua meta?</b>
Na Olimpíada todo mundo sabe que temos Estados Unidos, Rússia, Itália, França e Polônia. O Brasil está entre os favoritos e temos algumas seleções que são extremamente perigosas, como a Argentina, que tem uma comissão técnica que trabalhou no Brasil e conta com grandes jogadores que atuam nos melhores times do mundo. Tem ainda o Irã que é perigoso e o Japão, que tem bons jogadores e estará em casa. Acredito que vai ser uma Olimpíada disputadíssima, diferente, e temos de estudar bastante. São várias seleções em condições de levar e se estamos entre elas, uma coisa que posso garantir é que vamos chegar na medalha olímpica, se possível a de ouro. Vamos lutar muito.

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