"Trata-se de um ambiente tóxico". Depois de fazerem essa denúncia, dois integrantes da Associação dos Correspondentes Estrangeiros de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês), a entidade que organiza o Globo de Ouro, pediram seus desligamentos imediatos da instituição. Numa carta à qual teve acesso o jornal <i>Los Angeles Times</i>, os jornalistas Wenting Xu e Diederik van Hoogstraten afirmam que "permanecer na Associação não é mais sustentável para nós". Xu é um repórter da <i>World Screen</i>, uma publicação de Nova York especializada em cinema, e Van Hoogstraten é colaborador de diversos veículos holandeses e ex-membro do conselho da HFPA.
As razões mais palpáveis colocadas na carta dizem respeito à resistência da "maioria dos membros" a qualquer mudança, à atenuação das novas regras propostas por uma auditoria para aumentar a diversidade racial e de gênero na associação e o "medo de retaliação, a autolimitação, a corrupção e o abuso verbal" que ainda seriam problemas sérios na HFPA.
Desde fevereiro, a entidade enfrenta críticas. O <i>LA Times</i> publicou uma matéria denunciado atitudes sexistas e racistas e solicitação de favores de celebridades e estúdios. A matéria destacava ainda que a HFPA não tem nenhuma pessoa negra entre seus membros.
A Associação havia concordado em recrutar mais membros negros e fazer outras mudanças nos próximos meses, mas as iniciativas foram consideradas discretas e as reações prosseguem. Elas já foram feitas por Tom Cruise e Scarlett Johansson.
Xu e Van Hoogstraten alegam que alguns problemas pioraram, como a transparência em relação às finanças do grupo. Segundo o <i>LA Times</i>, a dupla fez várias queixas à entidade, e um membro do conselho respondeu que os comentários de Xu eram uma "campanha de ódio" e que ela estaria "trabalhando contra nós". Ao final da carta, Xu e Van Hoogstraten afirmam que, saindo da HFPA, pretendem estabelecer "uma organização transparente, profissional e inclusiva para a atual e as próximas gerações de repórteres".