A prefeitura da cidade de Coari, no interior do Amazonas, confirmou nesta terça-feira, 19, que sete pacientes internados morreram por falta de oxigênio. Segundo a nota publicada por meio da Secretaria Municipal de Saúde, estava prevista a chegada de 40 cilindros do insumo na segunda-feira, 18, o que não aconteceu por falha de planejamento.
De acordo da prefeitura de Coari, a aeronave que levaria os tanques acabou viajando até o município de Tefé e não retornou, já que o aeroporto não aceita voos noturnos. No texto, a prefeitura afirma que a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) está lidando com a pandemia de forma irresponsável e prejudicando todo o planejamento realizado no interior.
"Desde a semana passada, em torno de 200 cilindros do Hospital Regional de Coari estão retidos no patrimônio da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas. A maioria aguardando abastecimento, enquanto outra parte foi distribuída para as Unidades Básicas de Saúde da capital", informa a prefeitura de Coari, distante 362 km de Manaus.
Os 40 cilindros previstos para chegar na segunda-feira foram entregues às 07h desta terça-feira. "Infelizmente, o Hospital Regional de Coari só tinha até 6h de oxigênio", disse a prefeitura, lamentando as mortes no local. "A prefeitura se solidariza com as famílias enlutadas e informa que irá prestar todo o apoio necessário aqueles que perderam seus entes queridos nesta madrugada", conclui.
Por meio de uma nota, a Secretaria de Estado de Saúde lamentou o ocorrido no município de Coari. "A SES-AM informa que, por opção do município, o sistema de saúde na cidade é independente, sendo a gestão plena da Prefeitura Municipal. Ainda assim, o Governo do Estado nunca se furtou de auxiliar a administração local, entre outras coisas, com o fornecimento de oxigênio", diz.
O comunicado também afirma que Coari recebeu R$ 17,8 milhões entre repasses federais e estaduais para investimento em saúde em 2020. "Somente do Governo do Estado, por meio do Fundo de Fomento ao Turismo, Infraestrutura, Serviços e Interiorização do Desenvolvimento do Amazonas (FTI), foram R$ 2,3 milhões", argumenta a secretaria, enfatizando que as entregas de cilindros de oxigênio seguem ocorrendo diariamente para os municípios do interior.
<b>Colapso no Sistema de Saúde</b>
Com a nova explosão de casos de covid-19 no Amazonas, o Estado vive o pior momento da pandemia, com colapso no sistema de saúde e falta de oxigênio para pacientes.
Na última quinta-feira, 14, o estoque do insumo chegou a acabar nos hospitais de Manaus e pacientes morreram asfixiados, segundo o relato de médicos.
Conforme divulgou o jornal O Estado de S. Paulo, pelo menos desde o dia 23 de novembro, a Secretaria de Saúde do Amazonas sabia que a quantidade de oxigênio hospitalar disponível seria insuficiente para atender a alta demanda provocada pela pandemia de covid-19.