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Ibovespa sobe com cenário externo e prenúncio de melhora da atividade local

O bom humor está de volta ao Ibovespa, que já conquistou em torno de mil pontos em menos de meia hora de pregão nesta sexta-feira, 2, pegando carona na alta observada na maioria dos mercados de ações internacionais. Esse ambiente permite ao dólar ceder para abaixo da casa dos R$ 5,00 de novo, nível que havia retomado ontem, enquanto os juros futuros recuam.

O investidor ainda segue avaliando o payroll, que mostrou geração de vagas maior do que o previsto e aumento acima do esperado da taxa de desemprego, o que, de certa forma, atenua preocupações a respeito de um início imediato da retirada de estímulos nos EUA. Um retrato disso são os títulos americanos, que caem nesta meia hora.

O relatório de emprego americano de junho, o chamado payroll, mostrou criação de 850 mil vagas. O dado ficou acima da mediana de 800 mil das estimativas na pesquisa <i>Estadão/Broadcast</i> (500 mil a 1,05 milhão).

De acordo com o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, os números vieram bons, a despeito da taxa de desemprego ruim. Isso, em tese, é bom, sugerindo um "Fed mais paciente no sentido de retirada de estímulos monetários".

Conforme análise prévia da equipe de macro Research do BTG Pactual digital, os juros de 10 anos não subiram como seria de imaginar, pelo menos não logo na sequência da divulgação dos dados; entre outros motivos, o que conspira para isso pode ser a taxa de desemprego em alta.

O desempenho da atividade brasileira também pode impulsionar o Ibovespa hoje. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial subiu 1,4% em maio ante abril. O resultado veio abaixo da mediana das estimativas dos analistas, positiva em 1,6%. Em relação a maio de 2020, a produção subiu 24,0%.

"Apesar da alta, a variação trimestral cai em maio 3,38%. Muitos indicadores de expectativas empresariais estão melhorando na esteira da vacinação e muito provavelmente a produção industrial em junho deve vir positiva", estima em nota o economista-chefe da Necton, André Perfeito.

Na quinta-feira, 1, o índice brasileiro cedeu 0,90%, aos 125.666,19 pontos, em meio preocupações de investidores com ruídos políticos e ainda ressabiados com trechos da reforma tributária apresentada há uma semana.

O assunto foi motivo de mais críticas de gestores ontem. O sócio e gestor da Verde Asset Management, Luis Stuhlberger, afirmou que o texto é eleitoreiro, complica o sistema, tem "aumento boçal da carga tributária" no Brasil, e não deve passar da forma como está. Para o diretor de Investimentos da Garde Asset Management, Carlos Calabresi, a "reforma tributária foi uma frustração, uma colcha de retalhos arrecadatória."

Enquanto espera a reunião de cúpula da Opep+, o petróleo tem leve alta no exterior. Já o minério de ferro fechou em baixa de 0,61%, a US$ 217,98, no porto chinês de Qingdao, o que favorece as ações ligadas e coligadas ao segmento. Vale ON tinha alta de 0,77% e CSN ON, de 2,05%. Já Petrobras cedia entre 0,89% (PN) e 0,97% (ON).

Às 10h39 desta sexta-feira, o Ibovespa subia 0,62%, aos 126.445,82 pontos.

Em tempo: o fluxo de investimento estrangeiro na B3 ficou positivo em R$ 16,626 bilhões em junho, acima do registrado em maio (R$ 12,2 bilhões). Com isso, o montante no ano mostra entrada de R$ 48,006 bilhões.

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