O Ibovespa recuou para baixo dos 124 mil pontos, renovando mínimas da sessão à tarde, enquanto os índices de Nova York se inclinavam a uma correção mais forte do que a observada pela manhã, vindo as três referências americanas de máximas históricas nos dias anteriores. Assim, na véspera de decisão de política monetária nos Estados Unidos, a cautela deu o tom desde o horário de negócios na Ásia, resultando em acomodação global do apetite por risco. Na B3, ao final, o Ibovespa limitou as perdas do dia a 1,10%, a 124.612,03 pontos, entre mínima de 123.670,33 e máxima de 126.025,78, com abertura aos 126.004,14 pontos.
Mais forte do que nas últimas sessões, o giro financeiro foi hoje a R$ 29,3 bilhões. Na semana, o índice cede 0,35%, com perdas no mês a 1,73% – no ano, sobre 4,70%. Desde a manhã, houve poucas exceções positivas na carteira do índice, com destaque para Itaú PN (+0,98%), após autorização do BC para que conclua a saída da XP, e especialmente CPFL Energia (+1,89%), na ponta do Ibovespa, ao lado de Copel (+0,66%) e Bradesco PN (+0,79%), enquanto blue chips como Vale ON (-2,08%) e Petrobras PN (-1,16%) mantiveram desempenho negativo ao longo do dia. Liderando as perdas na sessão, destaque para CVC (-5,21%), refletindo perspectiva menos favorável a viagens ante o avanço da variante Delta do coronavírus, PetroRio (-4,27%) e Locaweb (-3,93%).
Na agenda doméstica, destaque, nesta véspera de decisão do Federal Reserve sobre a política monetária americana, para as contas externas do Brasil. "Os números mais contidos de IDP (investimentos diretos no País) só corroboram a ideia de que o Brasil está sendo deixado em segundo plano na decisão de investimentos. Reafirmo minha aposta de continuidade de taxa de câmbio desvalorizada aqui no Brasil, pela falta de apetite por nossos ativos", diz Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest, em referência aos "míseros" US$ 174 milhões em IDP em junho, ante expectativa do mercado de US$ 2,5 bilhões para o mês.
Além da macroeconomia aqui e no exterior, o mercado acompanha nesta semana uma programação de peso para os resultados trimestrais, entre os quais o balanço da Vale. "Hoje, TIM (-0,78%), que divulgou ontem resultados positivos e crescimento de receita, teve uma abertura boa, em alta de 4,8%, mas foi perdendo força, em dia majoritariamente negativo para as ações", diz Braulio Langer, analista da Toro Investimentos, chamando atenção também para Vivo (-0,29%) e Carrefour (-0,40%), que divulgam resultados após o fechamento de hoje.
"Os temores regulatórios na China sobre setores como educação privada e tecnologia continuaram a pesar hoje na Ásia, e se refletem também aqui, pela exposição que temos à economia chinesa, em commodities, com cautela reforçada hoje não apenas para a decisão de política monetária nos Estados Unidos, amanhã, mas também para os balanços de algumas grandes empresas de tecnologia americanas, que saem hoje", diz Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos.
Hoje, o desempenho positivo de empresas do setor elétrico foi atribuído à surpresa favorável com os resultados da EDP no segundo trimestre – assim como TIM, divulgados na noite de ontem. "Os investidores estão ajustando suas expectativas ao desempenho apresentado pela EDP, que mostrou que o mercado poderia estar pesando demais o risco hídrico em seus cálculos", observa Flávio Conde, analista da Levante Investimentos. Além de CPFL e Copel, Eletrobras PNB (+0,41%) e ON (+0,45%), assim como Cemig PN (+0,33%), obtiveram ganhos, ainda que discretos, nesta Terça-feira.