Estadão

Expectativa de neve e recorde de frio lota hotéis na Serra de Santa Catarina

A previsão de frio intenso e com chance de neve para a serra catarinense nesta quarta-feira, 28, fez a procura por hospedagem disparar. O fenômeno meteorológico no Sul do País deve fazer os termômetros ficarem entre 0 e 5° C em todo o Estado na madrugada de quarta e durante a quinta-feira, podendo chegar até -8º C nos topos da região, segundo informou a Epagri/Ciram, órgão meteorológico de Santa Catarina.

Na rede hoteleira convencional, não há mais vaga em pelo menos sete cidades onde as chances de neve são maiores: Bocaina, Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Rio Rufino, São Joaquim, Urubici e Urupema. No entanto, nas vagas alternativas, através dos aplicativos de hospedagem, é possível que o turista ainda encontre algumas opções.

"O pico da nossa temporada ocorre, historicamente, nas duas últimas semanas de julho. Somando isso às previsões de neve, os quartos disponíveis na cidade rapidamente lotaram", afirma Henrique Folster Martins, presidente da Associação Empresarial de Urubici, cidade com a melhor estrutura hoteleira da serra.

Para dar conta da demanda, Martins informa que muitos moradores da cidade estão alugando as próprias casas para receber os turistas. "Todo esse movimento, incluindo a rede hoteleira e gastronômica da cidade gira algo em torno de R$ 4 milhões na economia local", emenda Martins.

Diferente da primeira frente fria deste ano que registrou neve, no final de junho, a onda de frio que se aproxima coincide com o período de férias escolares e de parte do funcionalismo público.

Urubici, cidade com maior oferta de leitos, tem cerca de 2 mil vagas; em São Joaquim são cerca de 800.

O médico Cesar Augusto Silveira Nunes, natural de Pelotas, no Rio Grande do Sul, viajou pela primeira vez com a família para a serra catarinense na expectativa de ver a neve. "Queremos curtir a cidade, as atrações, as vinícolas e torcer para que a neve chegue", disse ao Estadão. Ele informou que fez a reserva com antecedência e que aproveitou as férias dos filhos para conhecer a região de Santa Catarina.

<b>Neve reflete em municípios vizinhos</b>

Com a alta procura pelo frio, os turistas estão buscando hospedagens em cidades onde as chances de neve são menores, como em Lages, que fica a 80 quilômetros de São Joaquim. Na região rural do município, a ocupação já atingiu 100%, enquanto a do o centro já está em 80%.

A busca pelos picos mais altos para ver a neve também reacende anualmente a disputa sadia entre as cidades para definir qual é a mais fria do Brasil.

Tradicionalmente, a praça central de São Joaquim, que está a 1.500 metros de altitude, é a mais lembrada devido à facilidade de acesso do público e pela estrutura oferecida pelo município. No entanto, nos picos mais altos, como no Morro da Igreja, que está a mais de 1.800 metros de altitude entre Urubici e Bom Jardim da Serra, ou no Campo do Padre, a 1.744 metros em Bom Retiro, o frio e a neve podem ser ainda mais intensos.

"Essa é uma questão bastante relativa, porque depende muito de onde estão instaladas as estações meteorológicas, e elas muitas vezes servem para atender a agricultura e pecuária. No Campo do Padre, onde temos basicamente um habitante, o frio é tão intenso que não dá para parar", explica a turismóloga Ana Vieira, assessora de turismo da Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures).

Aos turistas que desejam viajar para a serra catarinense, Ana Vieira faz um alerta: "Sugiro sempre que busquem as secretarias de turismo, muitas delas têm plantão para atender as pessoas que chegam nas cidades. E sugiro que venham sempre com reserva, se não tem na cidade que quer, busque na cidade mais próxima. E com muito agasalho e aditivo anticongelante para o radiador do carro. Um carro sem funcionar em local frio pode causar hipotermia e o turista não precisa passar por essa experiência negativa". / COLABOROU MYCCHEL LEGNAGHI

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