O telespectador que está acompanhando as provas de natação pela televisão pode estranhar o som de torcedores ao fundo, já que a presença de público está proibida nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Mas, ao contrário das demais modalidades, as finais da natação têm atraído para as arquibancadas centenas de membros de delegações que vão torcer para os seus atletas. São técnicos, médicos, dirigentes e até mesmo outros atletas que não têm provas naquele dia e aproveitam o momento de folga para fazer muito barulho com cornetas, tambores, apitos, bandeiras e faixas.
Assim, a atmosfera barulhenta do Centro Aquático de Tóquio destoa – e muito – do silêncio das demais arenas dos Jogos. Inclusive com quebra de vários protocolos de combate à covid-19 (como o distanciamento e uso de máscara), a sensação é de que a natação muitas vezes está à margem do restante da Olimpíada do Japão.
Ali, por exemplo, não é necessário o barulho contínuo emitido por caixas de som imitando a presença de torcedores que os organizadores têm utilizado nos estádios de futebol.
Já viralizou na internet vídeos do treinador australiano Dean Boxall comemorando a impressionante vitória de Ariarne Titmus nos 400m livre feminino. Nas imagens, ele aparece correndo, depois tira a máscara e, com os punhos cerrados, festeja efusivamente a vitória.
Comemorações exageradas à parte, tem chamado a atenção a animação no Centro Aquático de Tóquio. Membros do Comitê Olímpico Russo (ROC), por exemplo, levaram um tambor ao local e tocam o instrumento no ritmo das braçadas de seus competidores na piscina.
Os japoneses também estão entre os mais entusiasmados, com cartazes que, quando agrupados, formam o nome do país em inglês. O que dizer, então, dos britânicos com suas cornetas estridentes? Os chineses são donos dos maiores bandeirões. Já os alemães compensam o tamanho de suas pequenas bandeirolas, gritando muito à beira da piscina.
Em outra cena que ganhou as redes sociais, Caeleb Dressel, astro da natação dos Estados Unidos, foi até a arquibancada após conquistar o ouro no revezamento 4x100m livre e jogou a sua medalha para Brooks Curry, companheiro de equipe que estava torcendo por ele e havia disputado a sessão classificatória no dia anterior. "Senti que ele merecia isso mais do que eu", justificou Dressel.
Ainda no moderno Centro Aquático de Tóquio, mas na piscina ao lado, onde são realizadas as provas de saltos ornamentais, a torcida para os atletas também é bastante animada. Medalha de prata na plataforma de 10 metros, a americana Jessica Parratto reconheceu que o apoio recebido de companheiros de equipe, treinadores e oficiais foi um incentivo extra na hora de competir. "Isso faz uma grande diferença", comentou. "A equipe dos EUA sempre vibra muito alto."
Outros esportes também têm torcida. No basquete 3×3, modalidade que está fazendo a sua estreia no programa olímpico, treinadores da equipe da Mongólia usaram os assentos de plástico das arquibancadas para fazer barulho e apoiar o time feminino no Aomi Urban Sports Park.
No boxe, a delegação usbeque levou tambores para assistir às lutas. Já no tênis de mesa, os chineses fizeram tanto barulho que a mídia japonesa chegou a reclamar que parecia que os anfitriões estavam disputando uma partida fora de casa.