Estadão

Morre aos 80 anos o escritor e editor italiano Roberto Calasso

O escritor e editor italiano Roberto Calasso morreu nesta quarta-feira, 28, aos 80 anos, segundo informou a editora italiana Adelphi, da qual ele era dono. A causa da morte não foi revelada, mas ele já estava com a saúde debilitada havia algum tempo.

Calasso começou muito jovem no meio editorial, trabalhando na Adelphi desde 1962, quando tinha apenas 21 anos. No entanto, ele foi uma das mentes que fizeram a editora se tornar referência na Itália. Isso porque Calasso provou várias vezes seu faro apurado para talentos literários.

Foi Calasso quem editou alguns autores que viriam a ganhar o prêmio Nobel, como Elias Canetti, Czeslaw Milosz e Joseph Brodski. Além deles, grandes nomes da literatura mundial como Milan Kundera, Leonardo Sciascia e Joseph Roth passaram pelo crivo do editor.

Em 1963, uma reedição da obra do filósofo alemão Friedrich Nietzsche pela Adelphi o recolocou no mapa intelectual após distorções e apropriação indevida de seu pensamento pelo Terceiro Reich durante a 2ª Guerra Mundial.

Além de editor, Calasso também atuou como tradutor e escritor, publicando romances e reuniões de ensaios, alguns dos quais chegaram ao Brasil. Em 2020, a editora Âyiné publicou no País a reunião de textos intitulada A Marca do Editor, enquanto a Companhia das Letras lançou O Inominável Atual.

Em 2015, para evitar que a Adelphi fosse vendida para um conglomerado de empresas, Calasso comprou a editora, marcando uma posição de resistência ao mercado editorial como puramente comercial. Nesse sentido, Calasso representou a figura do editor como curador do conhecimento humano, assim como outros grandes, ao estilo de Kurt Wolff, editor de Kafka, Lawrence Ferlighetti, editor dos beatniks, e do brasileiro Massao Ohno, editor de Hilda Hilst e de diversos poetas marginais.

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