O número de casos suspeitos no País continua a crescer, chegando a 252. E o Ministério da Saúde corre para garantir a importação de imunoglobulina, medicamento usado para melhorar a imunidade de pacientes de diversas doenças, como casos graves do coronavírus. O governo não divulga informações a respeito da disponibilidade do remédio, mas estoques da droga estão "baixíssimos", segundo fontes da pasta.
A expectativa é de que, no ritmo atual de uso, o produto acabe em 30 dias na rede pública, afirma o presidente do Conselho de Secretários de Saúde, Alberto Beltrame. O medicamento que pode servir para auxiliar pacientes do novo coronavírus é o único que corre risco de desabastecimento, dizem integrantes do Ministério da Saúde e secretários estaduais.
Além do combate à epidemia global, a imunoglobulina traz efeitos positivos para pacientes com doenças de letalidade mais alta, infecções bacterianas, HIV e pessoas que passaram por transplante de medula óssea, entre outros quadros. O efeito do uso do medicamento, em muitos casos, está em acelerar uma melhora clínica.
A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) debate na terça-feira, 3, se aprova a entrada do medicamento no País solicitada pelo governo federal. Parte do produto comprado pelo Ministério da Saúde já aguarda no aeroporto o aval do órgão. O caso teve de ser levado à discussão por ser excepcional: o produto escolhido é fabricado por empresas da China que não têm registro sanitário no Brasil, ou seja, não passaram pelo crivo da Anvisa. O Estado apurou que, mesmo contrariada, a diretoria do órgão pode aprovar a importação, pois há risco real de falta do produto. Como a agência afirma não conhecer a droga, deve colocar ressalvas na liberação, passando a responsabilidade sobre a segurança e eficácia ao Ministério da Saúde.
A indústria farmacêutica situada no Brasil já se posicionou contra a importação. O argumento é de que a compra fere regras sanitárias e de concorrência, pois há alto custo para registrar drogas no País.
A disputa para importar a imunoglobulina se estende desde o fim de 2018, quando um contrato de R$ 280 milhões teve o preço questionado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O Ministério da Saúde argumenta que, após recomendação do tribunal, começou a busca no exterior pelo medicamento sem registro, porque não encontrou empresa no País que apresentasse os preços regulares.
A distribuição da droga para o governo está em disputa na Justiça e no TCU. Uma entrega de 55 mil frascos, por exemplo, foi impedida no mês passado pelo Judiciário, pois o medicamento estaria novamente acima do preço fixado pela Câmara de Regulação de Medicamentos (CMED/Anvisa), órgão que define preços.
Em meio ao imbróglio, o governo Jair Bolsonaro chegou a tentar a compra em uma empresa da Ucrânia, que não cumpria exigências mínimas exigidas pela Anvisa. A agência negou a importação do ministério e, nos bastidores, deixou claro à época que o produto poderia ser ineficaz e perigoso aos pacientes. Sem dar detalhes, o secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, afirmou na sexta-feira acreditar que agora o produto será liberado.
<b>Números</b>
O Brasil já tem 252 casos suspeitos do novo coronavírus, sendo 136 deles no Estado de São Paulo. A informação foi atualizada neste domingo pelo Ministério da Saúde na Plataforma Integrada de Vigilância em Saúde (IVIS). No sábado, o número de casos suspeitos era de 207.
<b>2º caso</b>
A XP Investimentos confirmou neste domingo que um funcionário que voltou da Itália é o 2º caso do vírus no Brasil, confirmado pelo Ministério da Saúde sábado. Ele chegou na quinta-feira e seguiu diretamente para o escritório.
A XP já testou outros dez colegas que tiveram contato com ele e aguarda resultados. Os colaboradores estão sendo acompanhados e orientados por médicos e especialistas. Eles e o infectado passam bem. "E não apresentam nenhum sintoma da doença", afirmou a empresa em nota. O funcionário estaria de férias na Itália com a mulher – que também não tem sintomas.
Por precaução, a XP afastou os empregados por 14 dias. E recomendou a todos os que estiveram em "área de risco" trabalhar de casa. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>